(Texto atualizado com mais informações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 5 Jun (Reuters) - O dólar era negociado abaixo dos 5 reais pela primeira vez em mais de dois meses nesta sexta-feira, caminhando para fechar a terceira semana consecutiva de perdas em meio a exterior otimista, com os investidores reagindo positivamente a dados melhores do que o esperado sobre o emprego nos Estados Unidos.
Às 11:26, o dólar BRBY recuava 2,87%, a 4,9840 reais na venda. Na mínima do dia, a divisa norte-americana foi a 4,9660 reais, menor patamar desde meados de março, com queda de 3,22%.
O dólar futuro de maior liquidez DOLc1 caía 2,4%, a 5,0025 reais.
A sexta-feira marcava o fim de uma semana positiva para ativos arriscados, que têm sido impulsionados pelo otimismo em relação a uma retomada da atividade nas principais economias devido aos relaxamentos graduais das restrições contra o coronavírus. Até agora, o dólar acumula queda de quase 7% contra o real desde o fechamento da última sexta-feira.
"Tivemos uma guinada nas últimas semanas, porque estávamos num cenário em que o governo estava com problemas, houve saída de ministros, confusão política... Agora, o governo começou a ficar mais próximo do centrão", comentou Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, sobre a recuperação recente do real.
Já no cenário internacional, "hoje saíram dados bons sobre o emprego norte-americano, o que deu uma acalmada no ambiente como um todo, e as economias seguem reabrindo", acrescentou Alencastro. "Enquanto isso, o dólar vem perdendo valor ante outras moedas lá fora, em meio a fluxo maior de criação de recursos."
Algumas das principais moedas arriscadas -- como peso mexicano MXN= , rand sul-africano ZAR= e dólar australiano AUD= -- operavam em alta contra o dólar neste pregão.
Nesta sexta-feira, o centro das atenções estava no relatório de emprego do governo norte-americano, que mostrou que a taxa de desemprego na maior economia do mundo teve uma queda inesperada em maio, passando de 14,7% em abril para 13,3%, contrariando as expectativas de alta para 19,8% em pesquisa da Reuters. do mercado disseram que a leitura foi muito melhor do que a esperada, sinal de que o pior da crise econômica do coronavírus pode já ter passado.
Ao mesmo tempo, impulsionando as perspectivas de recuperação, estímulos fiscais e monetários nas principais economias continuavam no radar dos investidores.
"Investidores acompanham a divulgação de indicadores macroeconômicos, mas mantêm o foco na reabertura das atividades econômicas em vários países. Além disso, o anúncio da ampliação do programa de estímulos monetários feito pelo BCE ontem ainda traz impulso adicional aos negócios", escreveram analistas do Bradesco (SA:BBDC4). de já ter perdido força desde que tocou máximas recordes próximas de seis reais em meados de maio, o dólar ainda acumula alta de quase 25% contra o real no ano de 2020, prejudicado por um cenário de incertezas políticas, juros baixos e fortes impactos econômicos causados pela pandemia de coronavírus.
Para os mercados, ainda é difícil dizer se o real deve manter a recuperação das últimas semanas, uma vez que riscos negativos -- como a possibilidade de uma segunda onda de infecções por Covid-19 e incertezas políticas -- permanecem no horizonte.
No Brasil, os desdobramentos políticos continuam sendo motivo de cautela, com expectativa de possíveis agitações sociais para o fim de semana.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar os manifestantes de grupos pró-democracia contrários ao seu governo de "marginais" e "terroristas" nesta sexta-feira, e pediu que as forças de segurança do país atuem contra as manifestações marcadas para domingo se os grupos "extrapolarem" os limites. última sessão, a moeda norte-americana spot teve alta de 0,89%, a 5,1315 reais na venda.
O Banco Central ofertará nesta sexta-feira até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem, com os vencimentos divididos entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021. (Edição de Camila Moreira)