(Texto reescrito para acrescentar informações e novas cotações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 3 Fev (Reuters) - O dólar abandonou queda de mais cedo e passou a subir ante o real no fim da manhã desta quarta-feira, seguindo piora em ativos de risco no exterior, enquanto investidores domésticos ainda seguem em busca de sinais sobre como será o ritmo da agenda de reformas do governo sob as novas presidências da Câmara e do Senado.
Às 12:33, o dólar BRBY avançava 0,50%, a 5,3831 reais na venda, após tocar 5,395 reais na máxima até o momento (+0,72%). Na mínima, a cotação tocou 5,3214 reais (-0,65%).
A moeda já havia mostrado alta no começo do pregão, indo a quase 5,38 reais às 9h13.
No exterior, moedas pares do real, como peso mexicano MXN= e rand sul-africano ZAR= , também pioraram o sinal. A divisa mexicana, que mostrava estabilidade até então, passou a cair 0,5%. Em Wall Street, os índices de ações também perderam fôlego, com o S&P 500 .SPX apagando alta de 0,4% registrada mais cedo.
O mercado externo seguia às voltas com expectativas sobre mais estímulos e sinais sobre a recuperação em economias centrais, enquanto o ritmo de vacinação em alguns países está aquém do desejado.
No Brasil, desdobramentos políticos colaboraram para a forte valorização do real na terça-feira, depois que Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) venceram as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, elevando perspectivas de retomada da agenda de reformas do governo de Jair Bolsonaro.
"Tivemos uma eleição totalmente alinhada com o governo, e o mercado teve uma leitura de que isso pode facilitar aprovações" de propostas do Executivo, explicou Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, citando esperanças de que haja soluções mais fáceis para problemas que há tempos incomodam os mercados, como os níveis recordes da dívida pública e os temores de desrespeito à meta de gastos em 2021.
Mas, apesar do alívio momentâneo com as perspectivas de melhor ritmo no Congresso, o cenário doméstico continua apresentando riscos e incertezas.
"O fato é que a pandemia continua sendo uma incógnita para a dinâmica da retomada da atividade econômica no país, e a vacinação se desenvolve em ritmo aquém das expectativas, e este problema suga 'energias' do país", escreveu Sidnei Nehme, economista e diretor executivo da NGO Corretora.
"Isto compromete as expectativas, e a renovação nas presidências do Congresso enseja expectativas muito imediatas a respeito, que (...), se não se confirmarem, podem causar desalento."
Política à parte, outros fatores eram apontados como relevantes para a dinâmica cambial no curto prazo, com a expectativa de alta da taxa Selic pelo Banco Central ainda no primeiro semestre deste ano devendo ajudar na valorização da moeda brasileira.
"Abrir o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos sempre é favorável à moeda local", explicou Morelli, que completou dizendo ser necessário acompanhar se a tendência de desvalorização mundial do dólar vai continuar nos próximos meses ou não. (Por Luana Maria Benedito; edição de José de Castro e Isabel Versiani)