(Texto atualizado com mais informações)
Por José de Castro
SÃO PAULO, 15 Out (Reuters) - O dólar voltou a subir forte ante o real nesta terça-feira, fechando no maior valor em três semanas, com investidores buscando a moeda norte-americana para proteger posições em outros mercados brasileiros.
A divisa doméstica amargou o pior desempenho nos mercados globais de moedas, em meio a incertezas locais e à menor atratividade do real como moeda de rendimento.
A performance mais fraca da divisa brasileira neste pregão deu sequência a movimento similar visto desde meados da semana passada, quando o mercado fortaleceu apostas de corte da Selic depois de o Brasil ter registrado inesperada deflação em setembro.
Com o cenário inflacionário adquirindo contornos ainda mais benignos, cresce a expectativa de corte de juros, o que por tabela reduz o retorno das aplicações em real, desestimulando atração de capital para a renda fixa.
Contratos de juros futuros 0#DIJ: embutiam nesta sessão 96% de chance de redução de 0,50 ponto percentual na reunião de política monetária do Banco Central no fim de outubro e 86% de probabilidade de alívio na mesma magnitude na decisão de dezembro. A Selic está atualmente na mínima histórica de 5,50% ao ano. 9 de outubro --quando o IBGE divulgou inesperada deflação no Brasil em setembro--, o real se desvalorizou 0,89% ante o dólar (até dia 14), enquanto o índice MSCI para moedas emergentes .MIEM00000CUS subiu 0,69% no mesmo período.
"O ciclo de cortes de juros no Brasil é um risco de primeira ordem à força do real", disseram em nota Kamakshya Trivedi e Davide Crosilla, estrategistas do Goldman Sachs (NYSE:GS). Eles ainda mantêm recomendação comprada (apostando na alta) em real, mas financiada não em dólar ou euro, mas em peso chileno CLP= --numa indicação da fragilidade de apostas na moeda doméstica.
"De forma geral, os riscos às posições compradas em real aumentaram e as notícias positivas de China-EUA diminuíram algumas pressões sobre o peso chileno", afirmaram.
Dados do BofA mostram que o diferencial de "carry" (retorno) pago pelo real é de pouco mais de 2%, bem atrás do de pares emergentes como peso mexicano MXN= (quase 6%), rupia indiana INR= (5%), rupia indonésia IDR= (5%), rublo russo RUB= (perto de 5%) e rand sul-africano ZAR= (também próximo de 5%).
O dólar à vista BRBY subiu 0,89%, a 4,1653 reais na venda, nesta terça-feira. É o maior nível para um encerramento desde 24 de setembro (4,1695 reais na venda). A valorização diária é a mais intensa desde 7 de outubro (+1,17%).
Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez DOLc1 tinha alta de 1,15%, a 4,1785 reais. (Edição de Isabel Versiani)