SÃO PAULO, 26 Mar (Reuters) - O real caiu ao menor patamar em 17 anos frente ao peso mexicano nesta sexta-feira, com as duas moedas operando em direções opostas nos mercados de câmbio, reflexo de uma há muito percebida divergência entre as duas maiores economias da América Latina --que competem entre si por investimentos estrangeiros.
O real desceu a 3,5782 pesos mexicanos BRLMXN=R nesta sexta, nível mais baixo desde 31 de maio de 2004 (3,5717 pesos).
A moeda brasileira recuava 2,1% no dia. Na semana, cai 3,9%, enquanto perde 3,7% no mês e 6,3% em 2021.
Contra o dólar, o real cedia 1,1% BRBY nesta sexta. O peso mexicano MXN= subia 0,6%.
Com algumas interrupções, o real vem tendo queda contra o peso desde janeiro de 2017, perdendo quase 48% (em termos nominais) desde então.
De forma geral, analistas comentam que a discrepância reflete a fraqueza da economia brasileira nos últimos anos, que agravou o problema fiscal doméstico. Enquanto isso, a economia mexicana --apesar de ter sofrido mais em 2020 por causa da pandemia-- tem mostrado crescimento mais constante nos últimos anos e goza de uma situação fiscal mais controlada.
Em mais um ponto desfavorável ao real, os juros reais no Brasil seguem em território negativo, enquanto no México estão perto de zero. No relativo, isso torna o peso mais atrativo --ou pelo menos desestimula operações de "hedge" na moeda, as quais têm efeito de compra de dólares-- e deixa o real mais vulnerável a apostas de queda.
O agravamento da pandemia no Brasil, que se tornou o epicentro da pandemia no mundo, é outro fator que tem minado o real ante seu rival latino-americano. (Por José de Castro; Edição de Isabel Versiani)