(Acrescenta comentário trader)
LISBOA, 19 Abr (Reuters) - Portugal colocou 1.250 milhões de euros de bilhetes do tesouro a seis e 11 meses, com as taxas a desceram para terreno mais negativo do que nos leilões anteriores, ajudadas pela preferência dos investidores por dívida em vez de acções num contexto de tensão geopolítica e a dois dias de uma crucial revisão da notação pela DBRS.
As colocações de dívida de curto prazo continuam também suportadas pela perspectiva de continuação de apoio do BCE.
O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 300 ME de BT a três meses e 950 ME a 11 meses, ou seja a totalidade do montante indicativo.
No prazo a três meses, a taxa média ponderada (TMP) fixou-se em -0,266 pct, face aos -0,219 pct no leilão comparável anterior; enquanto na maturidade a 11 meses, a TMP situou-se em -0,135 pct versus a 'yield' média de -0,112 pct numa colocação em Março.
"Foi colocado o montante máximo previsto e com mais lastro do que o anterior. O Tesouro aproveitou as taxas e colocou mais de 75 pct na maturidade a 11 meses, garantindo já qualquer coisa para 2018", disse Ricardo Marques, trader de dívida da IMF-Informação Mercados Financeiros.
"De notar que não há sinais de tensão e sinais de receios de entrada nestes instrumentos de curto prazo".
Os 'yields' do 'bund' alemão estão próximos do nível mais baixo de 2017, com os investidores a 'baterem em retirada' para activos mais seguros face às tensões geopolíticas na Península da Coreia e a quatro dias das eleições presidenciais em França.
Embora o 'bund' se destaque pela positiva, o mercado de obrigações em geral tem estado em 'outperformance' face às acções, num claro sinal de aversão ao risco por parte dos investidores. O programa de compra de activos do BCE continua a ser chave para conter os custos de financiamento de Portugal e de outros países da zona euro.
Na colocação de BTs em mercado primário hoje, a procura pela maturidade mais curta excedeu a oferta em 2,5 vezes contra 4,1 vezes no leilão anterior, enquanto no prazo mais longo o rácio bid-to-cover fixou em 1,41 vezes versus 1,9 vezes anteriormente.
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 3,8 pct, cinco pontos base abaixo da sessão anterior.
Na próxima sexta-feira a DBRS poderá pronunciar-se sobre a notação de Portugal. Sendo a única das 'big four' que atribui grau de investimento à dívida de Portugal, a agência Canadiana é o garante que o país mantém o crucial acesso ao programa de compra de obrigações do BCE.
Na semana passada, o Governo anunciou que prevê cortar o défice para 1 pct do PIB em 2018 face aos 1,5 pct revistos de 2017 e aponta para o equilíbrio orçamental durante 2020, estando optimista que a economia está a ganhar tracção e crescerá 1,8 pct este ano do PIB este ano. (Por Daniel Alvarenga e Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)