Por Sergio Goncalves
LISBOA, 7 Out (Reuters) - O Banco de Portugal (BP) reviu em baixa duas décimas a sua estimativa do crescimento do PIB português em 2016, sobretudo devido à queda do investimento, disse o BP, realçando que contudo o país pode cortar o défice para os 2,5 pct impostos por Bruxelas para este ano, apesar de ser difícil.
No Boletim Económico, o banco central referiu que a revisão em baixa do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano se deve sobretudo à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCB), que deverá ter uma queda de 1,8 pct em 2016, quando em Junho o banco central estimava que crescesse 0,1 pct e contra 3,9 pct em 2015.
O consumo privado é visto a subir 1,8 pct este ano face à projeção anterior de 2,1 pct e contra 2,6 pct o ano passado, enquanto as exportações permanecerão robustas, com o BP a apontar agora para um crescimento de 3 pct em 2016 versus 1,6 pct da sua anterior estimativa e contra 5,2 pct em 2015.
Contudo, o banco central vê a economia a ter um crescimento maior no segundo semestre do que o registado no primeiro semestre. Em 2015, o PIB português cresceu 1,6 pct.
"Estima-se um crescimento do PIB de 1,1 pct em 2016 (...), reflectindo o menor dinamismo da procura interna e, em particular, do investimento", disse o banco central.
"(Mas) a evidencia sugere que o défice estabelecido pelo Conselho da União Europeia (UE) para 2016 pode ser atingido", afirmou o BP, alertando que, "no entanto, a execução orçamental no segundo semestre continua a ser muito exigente e sujeita a factores de risco".
Ontem, o secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e Finanças, disse à Reuters que o Governo está confortável que este ano terá "um valor de défice inferior a 2,5 pct do PIB e próximo daquilo que era o objectivo de 2,2 pct que estava no Orçamento de Estado (OE)", contra 4,4 pct em 2015, penalizado pelo resgate do Banif.
No Boletim Económico, o BP adiantou que "o ritmo de crescimento da actividade económica em Portugal continua a ser inferior ao observado em anteriores ciclos económicos, fruto do elevado endividamento público e privado, de uma evolução demográfica advsersa e do fraco dinamismo da procura externa".
Sublinhou que "o momento actual representa, portanto, uma oportunidade única dos agentes económicos, internos e externos, num regime que promova a estabilidade macroeconómica e o crescimento económico".
"A correcção estrutural dos desequilíbrios macroeconómicos acumulados exige um quadro institucional e fiscal previsível, a redução sustentada do ível da dívida pública e a prossecução de reformas estrututrais que favorecem o investimento, a inovação e a mobilidade de factores", frisou o banco central.
O banco central vê o emprego a crescer 1 pct em 2016 face ao crescimento de 1,4 pct em 2015, permitindo reduzir a taxa de desemprego para 11,2 pct este ano contra 12,4 pct no ano passado.
A Balança Corrente e de Capital é vista a ter um excedente de 1,3 pct do PIB em 2016, menor do que o excedente de 1,9 pct previsto em Junho e inferior aos 1,7 pct de 2015.
O banco central afirmou que, no primeiro semestre de 2016, apesar do PIB de Portugal ter tido uma desaceleração face há um ano atrás, com uma divergência real face à media da área do euro, mas o crescimento relativamente próximo medido em termos 'per capita'.
Adiantou que há uma ausência de evidencia de sobrevalorização de preços de habitação em Portugal.
A DBRS vai fazer uma avaliação do 'rating' de Portugal a 21 de Outubro, que é chave pois esta é a única das quatro grandes agências que coloca Portugal em grau de investimento com perspectiva estável, qualificando o país para o programa de compras de dívida pública pelo Banco Central Europeu (BCE).
(Editado por Shrikesh Laxmidas)