* Moscovici diz há factores sustentar crescimento Portugal
* Comissão Europeia quer ajudar crescimento e emprego
* Estratégia Portugal para NPLs vai na direcção certa (Acrescenta citações Pierre Moscovici)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 18 Jul (Reuters) - Portugal fez um progresso económico e orçamental impressionante e o Produto Interno Bruto (PIB) pode crescer mais do que os 2,5 pct estimados pelo Banco de Portugal (BP), disse o Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, qualificando a estratégia do país para lidar com os NPLs como "ambiciosa".
Pierre Moscovici referiu, após um encontro com o governador do BP, que "há necessidade, não só de continuar a descida do défice nominal, mas também reduzir o défice estrutural".
"O progresso feito por Portugal é muito impressionante (...)O crescimento será provavelmente acima de 2,5 pct para este ano", disse o Comissário Europeu em conferência de imprensa.
"Há factores estruturais que sustentam o crescimento agora em Portugal (...) Estou optimista, estou impressionado. A economia portuguesa está numa posição sólida. Esta economia portuguesa é uma economia em que a Comissão Europeia pode confiar", disse o Comissário Europeu.
Em Maio, a Comissão Europeia ainda manteve uma previsão de crescimento do PIB português de 1,8 pct em 2017.
Moscovici frisou que a Comissão Europeia "não proporá uma política orçamental adversa ao crescimento", frisando: "esta Comissão está para ajudar o crescimento e o emprego (...) esta Comissão é uma Comissão 'pró-emprego".
O Comissário urgiu o país a prosseguir as reformas, nomeadamente no mercado de trabalho com a redução da fragmentação do mercado laboral, sendo também necessário atacar o desemprego de longa duração.
Em Junho, o BP reviu em forte alta de 0,7 pontos percentuais o crescimento do PIB português para 2,5 pct em 2017, acima do previsto pelo Governo, e estima que cresça 2 pct em 2018 e 1,8 pct em 2019, suportado por um dinamismo assinalável das exportações e do investimento.
O PIB português vai acelerar face ao ritmo de 1,4 pct em 2016.
Portugal saiu recentemente do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) na sequência de ter reduzido o défice público para 2 pct do PIB em 2016 - o mais baixo desde 1975 - contra 4,4 pct em 2015.
Em reacção à boa gestão financeira de Portugal, a agência de notação financeira Fitch, apesar de ter mantido o rating no primeiro nível de lixo BB+, melhorou o 'outlook'.
O acelerar do crescimento económico em Portugal tem permitido ao Governo ter maior margem de manobra orçamental, sobretudo dadas as maiores receitas de impostos indirectos e maiores contribuições sociais ligadas ao aumento do emprego.
O Governo português visa cortar o défice para 1,5 pct em 2017.
MALPARADO
O Comissário Europeu referiu que falou com o governador do BP, Carlos Costa, a estratégia de Portugal para lidar com o problema dos 'non performing loans' (NPLs), vincando que este "não é só um problema português".
"O meu sentimento é que a estratégia de Portugal (para NPLs) é ambiciosa e vai no sentido correcto", afirmou Moscovici.
"Não vou comentar as medidas precisas que serão tomadas pelas autoridades portuguesas. Primeiro, o racio de NPLs está a reduzir e isso é positivo. Não entrámos em nenhuma discussão de qualquer 'bad bank'", frisou.
Portugal está a preparar uma solução sistémica abrangente para o elevado malparado, que passará por criar uma plataforma para os bancos gerirem em conjunto os 'non performing loans' (NPL), recusando a criação de um 'banco mau' ou veículo com fundos públicos, disse recentemente o secretário de Estado Adjunto e das Finanças.
Esta solução sistémica, com a criação da plataforma, já foi apresentada, no início de Junho, pelo Ministério das Finanças e BP aos três principais bancos portugueses com mais NPL - CGD, Millennium bcp BCP.LS e Novo Banco - que estão a avaliá-la.
Estes três bancos, além de terem os mais elevados malparados, têm muitos devedores em conjunto.
Em Março de 2017, o crédito de cobrança duvidosa - NPLs - a empresas e particulares em Portugal situou-se em 15.731 ME ou 8,2 pct do crédito total mas, usando o critério abrangente do crédito em risco ao total da economia, aquelas são superiores a 30.000 ME. Adicionando as 'non performing exposures' (NPEs) o valor será ainda bem superior.
A Associação Portuguesa de Bancos estima que o 'common equity Tier 1' agregado dos bancos em Portugal tenha caído para 11,4 pct em 2016 contra 12,4 pct em 2015, tendo o Return on Equity (ROE) do sistema fixado em -8 pct no ano passado.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)