Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 3 Out (Reuters) - O Chief Executive Officer (CEO) do Millennium bcp BCP.LS prevê que as negociações com vista à entrada dos chineses da Fosun 0656.HK no capital do maior banco privado de Portugal tenham sucesso, estando focado em melhorar a rentabilidade deste e enfrentar as dificuldades criadas pelas baixas taxas de juro.
"(A negociação com a Fosun) tem algumas pré-condições nas quais se estão neste momento a trabalhar e a negociar. Vejo isso com naturalidade. Espero que sejam bem sucedidas e não vejo razão para que não sejam bem sucedidas", disse Nuno Amado, em declarações aos jornalistas, à margem de uma conferência.
A 30 de Julho, o BCP recebeu uma carta da Fosun, com uma proposta firme para subscrever um aumento de capital reservado unicamente a si, a um preço não superior a 0,02 euros por acção.
Desta forma, a Fosun deteria inicialmente 16,7 pct, podendo esta subir a participação, através de operações em mercado secundário ou de aumentos de capital, para entre 20 pct a 30 pct, desde que o 'board' proponha à Assembleia Geral o limite de votos para 30 pct, contra os actuais 20 pct.
Alguns analistas têm alertado para o cenário desafiante para o BCP, particularmente em termos do seu capital. A Jefferies, por exemplo, disse a 23 de Setembro que o BCP é o banco mais barato no seu universo de cobertura, mas que o 'outlook' "é ensombrado por preocupações de capital". que existe necessidade de ter capitais adequados e existe essa possibilidade de ter um novo accionista no banco mas é uma possibilidade, está neste momento em negociação exclusiva", referiu Nuno Amado.
"Em termos de capital, há condições que estão em negociação com um accionista âncora para poder obviamente haver esse reforço".
Esta manhã, o Governador do Banco de Portugal, disse que os bancos portugueses têm baixa rentabilidade e é crítico que aumentem o capital para passarem a um novo modelo de negócio, reduzindo a sua dimensão e reforçando a vertente tecnológica. de tudo, o que disse também o sr. Governador (do Banco de Portugal), é que é preciso ter os bancos com rentabilidade e com sustentabilidade e nesse aspecto o BCP tem feito um trabalho de reestruturação e de reorganização profunda e eu penso que nesse caminho nós também estamos relativamente bem posicionados dado o esforço que todos nós estamos a fazer".
"A rentabilidade e eficiência da banca são importantes. Estamos num caminho muito difícil, o sector financeiro em termos globais, com taxas de juro negativas e de zero, é obviamente um processo complexo".
As acções do Millennium bcp sobem 0,65 pct para 0,0155 euros.
DEUTSCHE PREOCUPA
Após meses de preocupação sobre como lidar com o crédito malparado da banca nos países da periferia como Itália, as atenções viraram-se para o Deutsche Bank, o maior banco de Alemanha, que tem em mãos uma multa de milhares de milhões de dólares imposta pelas autoridades dos Estados Unidos.
Na sexta-feira, as acções do banco tocaram um mínimo histórico e o CEO tentou tranquilizar os seus colaboradores e mercados, afirmando que o banco permanece robusto.
"É um problema de um grande banco alemão. Não conheço em detalhe, mas obviamente cria volatilidade nos mercados e volatilidade não é bom. Espero que esta situação se ultrapasse rapidamente", disse Nuno Amado.
"Temos a exposição normal, os bancos trabalham entre si, mas nada de extraordinário. Uma das coisas que Portugal tem tido é uma grande confiança dos clientes e dos depositantes nos bancos e penso que isso vai continuar", acrescentou.
"Além do mais, o Deutsche Bank deixou de ser um banco com base em Portugal, transformou-se numa sucursal. Portanto, é uma questão dos clientes fazerem a análise".
(Editado por Sérgio Gonçalves)