Por Sergio Goncalves e Arno Schuetze
LISBOA, 16 Mar (Reuters) - As negociações para a venda do 'bridge bank' Novo Banco estão na recta final e o fundo norte-americano Lone Star propõe injectar até 1.000 milhões de euros (ME) no capital para assegurar 75 pct do capital, segundo fontes conhecedoras da matéria.
A 20 de Fevereiro, o Banco de Portugal (BP) recomendou ao Governo a selecção do potencial investidor Lone Star para uma fase definitiva de negociações, em condições de exclusividade, com vista à finalização dos termos em que poderá realizar-se a venda. negociações, para além do Banco Central Europeu (BCE), envolvem agora o Governo e Bruxelas, tendo o ministro das Finanças referido a 7 de Fevereiro que esperava que estivessem concluídas "nas próximas semanas".
"As conversas entre o Governo e a DGComp (Directorate-General for Competition) estão a ser intensas e a evoluir bem, e são decisivas porque o Novo Banco é um banco de transição", disse uma fonte financeira conhecedora das negociações.
Afirmou que a proposta inicial para 100 pct do capital do Novo Banco, que previa uma injecção inicial de 750 milhões de euros (ME) e posteriormente mais 750 ME no capital, foi alterada pois a Lone Star pedia uma garantia de 2.500 ME para cobrir eventuais riscos quanto aos 10.000 ME do 'side bank', onde estão 'parqueados' activos a alienar e 'non performing exposures'.
Adiantou que, dado que o Governo recusou dar garantias, agora o 'bid' da Lone Star visa até 75 pct do capital do Novo Banco, com os restantes 25 pct a permanecerem numa entidade pública.
"Segundo o novo acordo que está agora a ser finalizado, provavelmente este mês, a Lone Star injecta 1.000 ME no capital do banco, dando-lhe 75 pct do capital", disse uma segunda fonte conhecedora das negociações.
Adiantou que "a Lone Star pode injectar mais capital posteriormente como qualquer investidor, que cuide do seu investimento, faria, mas nenhum compromisso firme foi tomado a este respeito".
"(O preço inicial será) quase irrelevante já que a acção principal será a injeção de 1.000 ME".
O Ministério das Finanças, o Banco de Portugal e a Lone Star não comentam.
As duas fontes referiram que a Lone Star convidou alguns parceiros portugueses para se juntarem à proposta, prevendo que fiquem com entre cinco e 10 pct daqueles 75 pct.
A segunda fonte afirmou que "a participação final pode ser a Lone Star ficar com 65 a 75 pct, os investidores portugueses com 5 a 10 pct. Estes investidores portugueses podem ser trazidos antes ou depois da assinatura".
"Os investidores portugueses devem ajudar a Lone Star a compreender o mercado português, conseguir 'trazer' as pessoas certas a bordo, gerir relações com empresas, políticas, etc..."
A primeira fonte disse aqueles 25 pct 'públicos' serão para alienar depois, havendo o compromisso com a DGComp de venda do Novo Banco até Agosto de 2017, embora haja dúvidas sobre se o sentido do acordo era a venda de 100 pct do perímetro dos seus activos, que implicaria não retalhar o banco, ou 100 pct do capital.
Explicou que as negociações com Bruxelas envolvem ainda resolver a questão de saber onde ficam os 25 pct 'públicos', se permanecem no Fundo de Resolução ou em outra entidade pública, desde que se evitem eventuais impactos orçamentais futuros.
"A resolução do Novo Banco foi uma coisa nova na Europa e o fim deste 'banco de transição' também levanta questões que há que acautelar", afirmou.
A 'private equity' Lone Star é um fundo norte-americano que, desde que estabeleceu o primeiro fundo pela mão de John Grayken em 1995, organizou 17 fundos 'private equity' com compromissos agregados de capital superiores a 70.000 milhões de dólares.
O Governo tem frisado o papel central do Novo Banco no sistema bancário português por causa da forte presença no financiamento às pequenas e médias empresas, referindo que futuras decisões têm que ter esta importância em conta.
No âmbito da resolução do BES em Agosto de 2014, o capital do Novo Banco foi injectado com 4.900 milhões de euros (ME), tendo o Tesouro concedido um empréstimo de 3.900 ME ao Fundo de Resolução.
A 9 de Março, o governador do BP, Carlos Costa, disse que estava confiante na venda do 'good bank' Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, que poderá ser um "accionista forte". Sérgio Gonçalves e Arno Scuetze; Editado por Daniel Alvarenga e Patrícia Vicente Rua)