Por Patricia Zengerle
WASHINGTON, 30 Mar (Reuters) - Os líderes do Comité de Inteligência do Senado dos Estados Unidos prometeram na quarta-feira que a investigação sobre a interferência da Rússia na campanha eleitoral norte-americana de 2016 será bipartidária.
Este é um contraste acentuado ao amargo desacordo bipartidário acerca de uma investigação similar na Câmara dos Deputados.
Os senadores Richard Burr, presidente republicano do comité, e Mark Warner, democrata de mesma colocação, disseram em conferência de imprensa que querem determinar se há algo a sugerir uma ligação directa com o presidente Donald Trump.
"Vamos chegar ao fundo disto", disse Warner.
A jovem Presidência de Trump tem sido perturbada por acusações de agências de inteligência dos EUA de que a Rússia procurou ajudá-lo a vencer, enquanto ligações entre membros da sua campanha e a Rússia também estão sob escrutínio. Trump nega tais afirmações e a Rússia nega as acusações.
Burr serviu como assessor de segurança na campanha de Trump, mas disse que não coordenou com a Casa Branca o âmbito da investigação do seu comité.
Burr negou-se a prosseguir com a rejeição da Casa Branca de conspiração entre a campanha de Trump e hackers russos, que autoridades da inteligência dos EUA acreditam terem favorecido Trump durante a campanha presidencial do ano passado contra a candidata democrata Hillary Clinton.
"Vamos entrar um pouco mais a fundo nisto antes de vocês pedirem para escrevermos as conclusões. Isto é claramente algo que pretendemos fazer ao longo do caminho".
Burr e Warner negaram-se a comentar sobre a investigação paralela na Câmara, onde o presidente do comité de inteligência, o aliado de Trump Devin Nunes, tem sido criticado pela forma como está a lidar com a questão.
Alguns democratas da Câmara dos Deputados pediram para Nunes se afastar da investigação após se ter encontrado na semana passada com uma fonte não identificada no complexo da Casa Branca. Ele disse que a fonte lhe deu informações mostrando que as informações da equipa de transição de Trump foram conseguidas durante vigilâncias legais de outros alvos.
Warner e Burr destacaram a importância de expôr a actividade de hackers russos, que segundo Warner incluem relatos de "mais de mil 'trolls' da internet pagos" que espalharam histórias negativas falsas sobre Hillary.
Membros do comité de inteligência do Senado até o momento reviram milhares de páginas de documentos e identificaram 20 pessoas para serem interrogadas. Jared Kushner, genro de Trump e assessor, é o único dos 20 que foi publicamente identificado. (Reportagem adicional de David Alexander) (traduzido para português por Sérgio Gonçalves)