* Dólar cede 2% sobre o real nas duas últimas sessões
* Oferta de swap reverso caiu à metade em meados de setembro
* Em agosto, BC elevou oferta quando dólar estava em R$3,13
Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 22 Set (Reuters) - A queda do dólar ante o real nos últimos dias, que levou a moeda norte-americana abaixo de 3,20 reais durante esta quinta-feira, poderá resultar em nova elevação na oferta de swaps cambiais reversos, equivalentes à compra de dólares no mercado futuro, pelo Banco Central.
"Esse recuo recente da moeda pode jogar os holofotes para o swap, já que abre uma janela para eventualmente o BC elevar a oferta do reverso", avaliou o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, mas sem fazer projeções para quanto a oferta poderia subir.
No último dia 13, o BC cortou pela metade a oferta diária, para 5 mil contratos, diante da pressão compradora decorrente das expectativas para os encontros de política monetária dos bancos centrais do Japão e dos Estados Unidos, que ocorreram na véspera. que o BC reduziu a oferta de swaps à metade --o primeiro leilão de 5 mil contratos aconteceu em 14 de setembro--, o dólar acumulou perda de 3,18 por cento ante o real até a véspera. A maior parte do recuo aconteceu nos dois últimos pregões, quando a moeda norte-americana cedeu 2,04 por cento.
O mercado enxerga uma 'banda' entre as cotações de 3,15 e 3,30 reais, pois foi quando rondava esses níveis que o BC atuou no volume de swaps. Acima desse teto, as dívidas indexadas ao dólar ficam caras demais e a inflação pressionada. Por outro lado, abaixo de 3,15 reais, os maiores prejudicados são exportadores, que perdem competitividade externa.
Na semana passada, em entrevista à Reuters, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse que via menos espaço para reduzir o estoque de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Segundo ele, o objetivo do BC era adotar uma velocidade que não pressione o mercado. a possibilidade de aumento (da oferta de swaps), mas dada a postura de Ilan na semana passada, eu diria que voltar a 10 mil contratos por dia aconteceria apenas perto de 3,15 reais. Ou seja, ainda não seria o caso agora", avaliou o operador da corretora H.Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Na entrevista à Reuters, o presidente do BC repetiu que o regime de câmbio no país é flutuante e que a autoridade monetária não quer influenciar o mercado "nem para um lado, nem para o outro".
No início de agosto, o BC brasileiro já havia elevado o volume de swap reverso de 10 mil para 15 mil contratos, quando a cotação do dólar fechou abaixo de 3,15 reais, mas voltou a reduzir para 10 mil swaps poucos dias depois, quando a cotação havia voltado a 3,23 reais.
(Edição de Patrícia Duarte)