LISBOA, 14 Nov (Reuters) - O índice accionista português PSI20 .PSI20 fechou a cair 0,14 pct, pressionado pelas descidas da EDP (SA:ENBR3), Galp e Jerónimo Martins face a uma Europa que beneficia da queda do euro e das políticas expansionistas de Donald Trump, enquanto o prémio de risco soberano voltou a agravar, disseram traders.
* O índice pan-europeu STOXX 600 .STOXX subiu 0,22 pct, apoiado nos ganhos da banca .SX7P e recursos básicos .SXPP , que continuam a beneficiar das promessas de Donald Trump, de menos regulação no sector financeiro e de mais investimentos em infraestruturas.
* Pela negativa, as acções de 'food & beverage' e as 'utilities' .SX6P que bateram em mínimos de três anos com a expectativa de que o aumento do investimento em infraestrutura traga consigo um aumento da inflação.
* O dólar apreciou para um máximo de 11 meses contra um cabaz das principais moedas esta segunda-feira, continuando as subidas guiadas pelo aumento dos 'yields' das obrigações dos EUA e expectativas de maior inflação após a eleição de Donald Trump.
* Nos EUA os principais índices seguem no vermelho, depois das subidas fortes das últimas sessões, que levaram o Dow Jones a máximos recorde, com os investidores à espera de maior clareza relativamente às políticas de Trump.
* Analistas lembram que esta semana será recheada de comentários de membros dos bancos centrais regionais norte-americanos, culminando com o testemunho da presidente do Fed, Janet Yellen, sobre as perspectivas económicas perante a comissão económica conjunta do Congresso, em Washington, na proxima quinta-feira.
* Em Lisboa, o índice PSI20 foi castigado pelas quedas de 2,22 pct da Jerónimo Martins JMT.LS , de 1,24 pct da EDP EDP.LS , de 0,39 pct da Galp Energia GALP.LS e de 8,3 pct da Pharol PHRA.LS .
Na sexta-feira passada, um grupo que inclui cerca de 70 empresas de obrigações aconselhadas pela Moelis & Co e a Sawiris rejeitaram um plano de reestruturação proposto pela gestão da Oi a 5 de Setembro, após o pedido de protecção de credores. o bilionário egípcio Naguib Sawiris e um grupo de obrigacionistas dissidentes estão a trabalhar numa alternativa ao plano da Oi.
* Pela positiva sobressaiu a Sonae YSO.LS com uma valorização de 3,08 pct, beneficiando do prolongado optimismo criado pelos fortes resultados do terceiro trimestre, divulgados na semana passada e do anúncio que vai expandir a rede de lojas de saúde e bem-estar Wells.
* "Estamos ainda a sentir o efeito dos (bons) resultados. Tenho seguido este título todos os dias, ao minuto, e notado bastante força", disse Paulo Rosa, trader da GoBulling no Porto.
"Após várias quedas da margem, parece-me que a performance operacional possa mudar um pouco para o positivo", acrescentou. NOS NOS.LS subiu 0,98 pct para 5,674 euros, impulsionada por uma subida de preço-alvo pelo Berenberg.
Esta casa de investimento elevou a avaliação em 28 pct para 7,36 euros, expressando confiança que a telecom vai ter espaço para reforçar o retorno accionista nos próximos anos, com a descida do capex e menos incerteza após o acordo com os rivais para partilhar conteúdos de futebol. A EDP Renováveis EDPR.LS ganhou 1,39 pct, a Altri ALSS.LS somou 2,96 pct e o Millennium bcp BCP.LS avançou 1,17 pct para 1,25 euros, apesar do Goldman Sachs ter cortado o preço-alvo que atribui ao banco em 13 pct para 1,3 euros, à luz do prejuízo nos primeiros nove meses de 2016, alertando que vê o custo de crédito a subir até 2017 e vários riscos no horizonte. Os juros das Obrigações do Tesouro a 10 anos de Portugal sobem quatro pontos base para 3,56 pct, mas chegaram a disparar 15 pontos para 3,69 pct.
* Este agravamento é feito em simpatia com o 'sell off' global de dívida soberana, causado pelo aumento das expectativas de inflação, e agravando para máximos desde Junho, após o Brexit, em que os juros sofreram um breve e brusco disparo.
* O mercado está a apostar que futuras políticas comerciais proteccionistas e de investimento público de Donald Trump, como Presidente dos Estados Unidos, vão fazer subir a inflação, vista penalizadora do retorno no mercado de 'fixed income'.
* Portugal está determinado em cortar o défice público para 1,6 pct do PIB em 2017, face aos 2,4 pct estimados para 2016, mas as regras do euro não podem continuar a agravar as assimetrias entre os países mais frágeis que têm de fazer um esforço maior e os mais competitivos, disse o Primeiro-Ministro português. Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)