LISBOA, 18 Jan (Reuters) - O Governo está determinado em continuar a cumprir as metas orçamentais e reforçar a credibilidade externa de Portugal, bem como em robustecer o sistema financeiro, cujos problemas estão na origem das taxas soberanas portuguesas mais elevadas do que as da Irlanda ou Espanha, disse o ministro das Finanças.
Numa comissão parlamentar, Mário Centeno adiantou que houve "uma pressão sobre a dívida portuguesa, de facto, em grande medida porque o trabalho sobre o sistema financeiro estava todo por fazer", antes do Governo actual tomar posse em finais de 2015.
Adiantou que "não era assim na Irlanda, nem Espanha - os países com os quais comparam a taxa de crescimento e as taxas de juro de Portugal".
Frisou: "é bom perceber que o sistema financeiro é uma peça importantíssima dos sistemas económicos modernos e o Banif estava à beira do processo que acabou por se concretizar (resolução), o Novo Banco não estava capitalizado".
"Mas, é uma preocupação a que o Governo pode dar resposta, cumprindo os compromissos que assume, desde logo nas questões do défice, no tratamento que tem feito do sistema financeiro e do aumento de credibilidade de condução da política em Portugal", afirmou Mário Centeno.
O ministro vincou que o processo de recapitalização da estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) está em curso. Em Portugal, o maior banco privado português Millennium bcp BCP.LS tem em curso um crucial aumento de capital de 1.332 milhões de euros (ME), o BPI BBPI.LS está sob um 'takeover' do Caixabank CABK.MC , que tem muito mais músculo financeiro.
Entretato, o Banco de Portugal (BP) está em negociações para vender o 'good bank' Novo Banco a accionistas, que reforcem a sua base de capital.
A 'yield' 'benchmark' das obrigações portuguesas a 10 anos alivia hoje 3 pontos base para 3,81 pct no mercado secundário.
O 'benchmark' do prémio de risco soberano de Portugal tocou este mês um máximo de quase um ano, nos 4,1 pct, devido à expectativa de re-inflação global, com a chegada iminente de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos e prováveis políticas expansionistas, aliada a receios que o BCE começe a retirar estímulos com os primeiros sinais de inflação.
Ontem, o primeiro-ministro disse que o défice público de Portugal em 2016 desceu para um valor não superior a 2,3 pct do PIB, abaixo dos 2,5 pct impostos por Bruxelas, retirando o país do Procedimento por Défice Excessivo. terceiro trimestre de 2016, Portugal foi o país da zona euro que mais cresceu, tendo o PIB português tido um crescimento homólogo surpreendente de 1,6 pct, estimando o Governo que tenha crescido 1,2 pct em todo 2016 e visando os 1,5 pct em 2017. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)