LISBOA, 16 Ago (Reuters) -
** Os alertas da agência canadiana de 'rating' DBRS sobre o fraco crescimento económico e a elevada dívida de Portugal pressionou a Bolsa de Lisboa, que foi das que mais perdeu entre as pares europeias, e fez disparar 15 basis points (bp) as 'yields' das Obrigações do Tesouro a 10 anos, segundo dealers.
A praça accionista portuguesa foi especialmente penalizada pelas quedas de pesos pesados como Millennium bcp BCP.LS , EDP-Energias de Portugal EDP.LS , Jerónimo Martins JMT.LS , bem como da Sonae USO.LS .
** As principais bolsas europeias fecharam com quedas entre 0,58 pct em Frankfurt e 1,21 em Milão, tendo o índice europeu Stoxx 600 .STOXX caído 0,79 pct, após ter tocado ontem em máximos de sete semanas.
A pesar neste índice pan-europeu está sobretudo o sector industrial, após a suíça Schindler SCHP.S ter cortado o seu 'outlook' para 2016 e a Rotork ROR.L ter sido alvo que um 'downgrade'. Esta manhã, foi divulgado que o clima entre analistas e investidores alemães melhorou ligeiramente em Agosto, recuperando algum terreno depois de uma queda em Julho no rescaldo dos britânicos terem votado a saída do Reino Unido da União Europeia.
Os dados do instituto ZEW baseado em Mannheim veio na sequência do banco central alemão ter referido que aquela votação de 23 de Junho é provável que tenha um impacto económico imediato limitado na economia da Alemanha, a maior da Europa.
O inquérito mensal do ZEW mostrou um aumento no índice de sentimento económico para 0,5 pontos em Agosto, depois de ter caído para menos 6,8 em Julho.
** A Bolsa de Lisboa fechou a cair 1,2 pct, com 16 dos 18 títulos que integram o PSI20 .PSI20 a caírem, destacando-se a descida de 2,09 pct da cotação do Millennium bcp BCP.LS e de 3,6 pct sa Sonae YSO.LS .
** A Sonae apresenta resultados a 18 Agosto e, segundo analistas, o seu lucro terá afundado 46 pct para 52,8 milhões de euros no primeiro semestre de 2016, apesar da subida das vendas, castigado pela forte contracção da margem ao aplicar descontos, e dificuldades nas vendas de vestuário sob a insígnia MO. A praça lisboeta foi pressionada também pelas quedas de 1,13 pct da EDP (SA:ENBR3), de 1,19 pct da EDP Renováveis EDPR.LS , de 1,06 pct da Jerónimo Martins e de 1,65 pct dos CTT CTT.LS .
** O BPI BBPI.LS fechou a descer 0,89 pct e o Montepio MPIO.LS estável.
** Pressão adicional da Corticeira Amorim CORA.LS que recuou 1,42 pct, após ontem ter disparado 3,69 pct.
** A Galp Energia GALP.LS perdeu 0,45 pct, quando o preço do barril de Brent LCOc1 sobe 0,3 pct para 48,49 dólares, apoiados ainda na possibilidade de uma acção concertada por parte dos produtores, visando para dar suporte aos preços, num mercado onde há excesso de oferta. DBRS
** No mercado de dívida soberana portuguesa, a taxa das Obrigações do Tesouro a 10 anos sobe quatro baisis points (bp) para 2,75 pct, na sequência dos receios da agência DBRS quanto à evolução da economia de Portugal e em vésperas de um leilão de Bilhetes do Tesouro (BT).
O Tesouro português prevê colocar até 1.000 ME em BT com maturidades em Novembro de 2016 e Julho de 2017.
** As pressões sob a credibilidade de Portugal estão a aumentar pois a economia está a debater-se com um baixo crescimento para conter os elevedos níveis de dívida pública e das empresas, quando há tensões no sector bancário, disse o director de ratings soberanos da agência de crédito DBRS.
A classificação atribuída pela DBRS, BBB (low), tem sido um suporte vital para Portugal, permitindo que os seus títulos de dívida soberana continuem a fazer parte do programa de compras do Banco Central Europeu (BCE) e como colaterais elegíveis para o financiamento bancário ilimitada e agora funding grátis.
A avaliação, cuja próxima revisão ocorrerá em 21 de outubro, tem uma perspectiva "estável", dando a Lisboa algum espaço para respirar, mas Fergus McCormick disse à Reuters que o quadro se está a deteriorar.
"A divulgação do PIB do segundo trimestre na sexta-feira (que apresentou um crescimento em cadeia de apenas 0,2 pct) aumentou as nossas preocupações quanto às perspectivas de crescimento, que parecem estar a abrandar no terceiro trimestre", disse em entrevista à Reuters.
"Portanto, a perspectiva permanece estável, mas as pressões parecem estar a aumentar (vindas) de várias frentes", acrescentou, citando as exigências da Comissão Europeia para que Lisboa implementar mais cortes de despesa.
(Por Sérgio Gonçalves)