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ACÇÕES PORTUGAL-Bolsa fecha em queda sob pressão Jerónimo Martins e Galp, 'yield' alivia

Publicado 17.10.2016, 17:01
© Reuters.  ACÇÕES PORTUGAL-Bolsa fecha em queda sob pressão Jerónimo Martins e Galp, 'yield' alivia
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LISBOA, 17 Out (Reuters) - A Bolsa de Lisboa .PSI20 fechou a perder 0,49 pct, com particular pressão da Jerónimo Martins e Galp, e contagiada pelo sentimento negativo na Europa, numa sessão marcada pelo alívio do prémio de risco soberano de Portugal em contraciclo com o mercado global de obrigações, segundo operadores.

* O PSI20 fechou mesmo abaixo dos 4.600 pontos.

* A retalhista Jerónimo Martins JMT.LS perdeu 1,6 pct, corrigindo parte dos ganhos de sexta-feira passada.

A média de uma poll de cinco analistas aponta para que o lucro atribuível da retalhista tenha disparado, em termos homólogos, para 343 milhões de euros (ME) no terceiro trimestre de 2016, beneficiando de um ganho de capital com a venda da subsidiária Monterroio, enquanto a polaca Biedronka terá continuado a suportar a performance operacional. A rival Sonae YSO.LS subiu 0,7 pct.

As duas retalhistas são as cotadas portuguesas mais penalizadas pelo Orçamento de Estado de 2017, pois serão impactadas pelos novos impostos sobre o património e refrigerantes, segundo o Haitong, que refere, contudo, que o choque será contido. A Galp Energia GALP.LS caiu 1,52 pct, numa sessão em que o preço do barril de Brent LCOc1 desce 1 pct, pressionado por um dólar forte e níveis recorde de produção pelos membros do cartel OPEP em Setembro.

Um relatório divulgado na sexta-feira pela Baker Hughes mostrou um aumento de quatro plataformas de perfuração nos Estados Unidos na semana até 14 de Outubro, a décima-sexta semana consecutiva sem corte, sinalizando um aumento da produção.

Os membros da OPEP produziram 33,6 milhões de barris de crude por dia em Setembro, um nível recorde.

O Presidente do Conselho de Administração da Galp, Américo Amorim, renunciou ao cargo por motivos pessoais e será substituído por Paula Amorim, que era até à data Vice-Presidente do Conselho de Administração da petrolífera. P4N19J00F

* A EDP (SA:ENBR3) EDP.LS subiu 0,79 pct e a EDP Renováveis EDPR.LS caiu 0,31 pct.

Segundo analistas, o impacto das medidas do OE e das novas tarifas para 2017 deverá ser neutral nas 'utilities' energéticas portuguesas. Há, no entanto, algumas incertezas em relação às renováveis, com alterações aos subsídios à produção em regime especial. Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) fixou um aumento da tarifa transitória de electricidade de 1,2 pct em 2017, abaixo da inflação prevista, que, segundo o Governo, vai perimitir um ganho de poder de compra das famílias e maior competitividade das empresas. L8N1CK4JG

** Nota negativa ainda para os CTT CTT.LS , com uma queda de 2,27 pct e para a telecom NOS NOS.LS , que recuou 1,68 pct para 5,79 euros.

O investimento da NOS em direitos de transmissão de conteúdos de futebol levou o BPI a cortar o preço alvo da telecom 4,5 pct para 6,4 euros, revendo em baixa a trajectória de crescimento do EBITDA e geração de caixa. o Barclays (LON:BARC) subiu o preço-alvo 7 pct para 7,3 euros, para incorporar a expectativa de menor competição de preços em 2017, depois da telecom rival Vodafone Portugal VOD.LS ter elevado os preços. Do lado dos ganhos, a Corticeira Amorim CORA.LS subiu 4,38 pct para 9,5 euros, o Millennium bcp BCP.LS avançou 1,3 pct e a Mota Engil MOTA.LS valorizou 3,6 pct.

* O Eurofirst300 .FTEU3 , índice que agrega as 300 maiores cotadas do continente, desceu 0,74 pct.

* A 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos aliviou para um mínimo de mais de um mês, em contraciclo com os pares, com os investidores a receberem bem o OE de 2017 e a apostarem que a DBRS manterá a notação do país em 'grau de investimento' sexta-feira.

"Com maior ou menor dificuldade, tendo em conta que OE teve de ser negociado com os partidos à esquerda, acreditava que iria haver um acordo. O Governo sabia que tinha de ter um OE dentro das exigências da Comissão Europeia e foi isso que aconteceu", disse Albino Oliveira, analista da Fincor, em Lisboa.

"Dito isso, acho que esta queda (das yields) está mais relacionada com a DBRS. Houve um momento inicial de extrema preocupação, mas agora o mercado começa a pensar que DBRS não vai cortar o 'rating', nem fazer nada de mais".

* No cenário macro do OE de 2017, Portugal prometeu reduzir o défice para 1,6 pct, de 2,4 pct este ano e vê o crescimento do PIB acelerar três décimas para 1,5 pct. A proposta de Orçamento de Estado prevê um aumento de pensões e alívio da sobretaxa de IRS, mas agrava impostos indirectos. A queda dos juros de Portugal surge em contraciclo com o resto do mercado de obrigações, cujas 'yields' tocaram máximos desde Junho tanto na Europa como nos Estados Unidos.

Esta subida é associada a declarações da Presidente da Reserva Federal (FED) dos Estados Unidos, Janet Yellen, que na sexta-feira passada sugeriu que o banco central poderá deixar a inflação exceder o objectivo de 2 pct, pois poderá ser necessário colocar a economia sob "alta pressão" para reverter os danos causados pela grande depressão.

A elevada inflação é vista como particularmente penalizadora para o mercado de obrigações. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)

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