LISBOA, 18 Nov (Reuters) - As valorizações da Altri ALSS.LS e do BCP BCP.LS permitiram à Bolsa de Lisboa escapar às quedas europeias, onde a banca e as empresas de recursos básicos pressionaram, enquanto o prémio de risco soberano voltou a agravar para máximos de Fevereiro, segundo traders.
* O índice PSI20 subiu 0,09 pct, impulsionado pela valorização de 2,6 pct do Millennium bcp e de 4,36 pct da Altri.
Esta última a fazer um 'rebound técnico' após as fortes quedas este ano, ajudada por um 'research' favorável e pelos máximos de cerca de 14 anos do dólar norte-americano, moeda em que são fixados os preços da pasta do papel.
* "Naturalmente, o euro, estando cada vez mais desvalorizado, ajuda as vendas em dólares. Uma das poucas alterações que houve esta semana foi um preço-alvo de 4 euros fixado pela Fidentiis, abaixo do que era há uns meses atrás mas ainda com substancial 'upside'", disse Alfredo Mendes, trader do Banco Best.
* A indústria da pasta está indirectamente exposta ao dólar, pois os preços da pasta branqueada de eucalipto (BEKP) são estabelecidos nessa moeda. Este produto representa 80 pct das vendas da Altri, enquanto a maior parte dos custos são em euros.
* Suporte adicional da EDPR EDPR.LS a subir 0,48 pct e da Jerónimo Martins JMT.LS a ganhar 0,2 pct.
A retalhista recebeu um 'upgrade' do Erste Group que reviu em alta a recomendação para 'Hold' de 'Reduce' e o repectivo preço-alvo em 15,4 pct para 15 euros por acção, devido ao fortalecimento do balanço. Pela negativa, os CTT CTT.LS desceram 1,4 pct, após terem afundado ontem mais de 5 pct, os investidores a recearem que percam importantes receitas com a decisão governamental da Administração Pública passar a usar o e-mail para fazer as suas notificações, em vez das actuais cartas de correio. que é essa notícia (decisão) de notificações por via digital. O Estado é um grande cliente dos CTT e hoje são quase todas feitas por papel. Se os CTT perderem estas notificações têm uma perda substancial de receitas", disse Paulo Rosa, dealer da Go Bulling, no Porto.
* A EDP (SA:ENBR3) EDP.LS caiu 0,74 pct e a Galp (LS:GALP) 1,2 pct, quanto o barril de Brent LCOc1 desvaloriza 0,5 pct para 46,26 dólares.
O fortalecimento do dólar, cujo índice está em máximos de 14 anos, acaba por sobrepor-se ao optimismo em torno de um acordo entre a OPEP e os países que não são membros deste cartel para cortarem a produção de petróleo.
* Na Europa, o índice STOXX 600 .STOXX fechou a cair 0,36 pct, pressionado pelas descidas mais fortes do sector de recursos básicos .SXPP e da banca .SXKP , particularmente a italiana.
* O sector financeiro de Itália .FTIT8300 contraiu 2,45 pct, continuando a preocupar os investidores. Ontem, o Il Sole 24 Ore ter reportado que o Unicredit (MI:CRDI), a maior instituição financeira de Itália, está a considerar fazer entre 7.000 e 8.000 milhões de euros de provisões para limpar crédito malparado, impactando todo o sector.
* A possibilidade do Governo italiano cair, na sequência de um referendo que vai realizar a 4 de Dezembro, também preocupa os investidores.
* No mercado de dívida, os juros das obrigações de Portugal a 10 anos negoceiam nos 3,86 pct, a agravarem nove pontos base, em contraciclo com as pares espanhola e italiana.
A 'yield' nacional reage ainda à vitória de Donald Trump nas presidenciais dos Estados Unidos, apesar das notícias positivas para a economia portuguesa.
"Neste momento, ao contrário do que aconteceu por vezes no passado, a subida da 'yield' não tem nada a ver com questões internas, com a trajectória de economia portuguesa, mas com um movimento geral no mercado," disse Miguel Gomes da Silva, director da sala de mercados do Montepio (LS:MPIO) Geral.
Segundo o IFR, da Thomson Reuters, há alguma expectativa que Portugal possa ir ao mercado na próxima semana para colocar 'bonds', o que poderá estar a ajudar a impulsionar as yields nos mercado secundário, com os investidores a criarem espaço nas carteiras para a nova emissão. (Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Shrikesh Laxmidas)