LISBOA, 3 Nov (Reuters) - As quedas da telecom NOS NOS.LS e da EDP (SA:ENBR3) Renováveis EDPR.LS levaram a Bolsa de Lisboa a fechar com uma descida de 0,18 pct, em sintonia com as praças europeias e norte-americanas, mostrando que os investidores estão ainda nervosos quanto ao desfecho das eleições nos EUA, segundo traders.
Adiantaram que a mitigar este nervosismo está a decisão do
Supremo Tribunal de Inglaterra, que decidiu hoje que o Governo britânico terá de pedir a aprovação parlamentar para desencadear o processo de saída da União Europeia, levando a libra a máximos de três semanas face ao dólar.
"O mercado está a repensar um pouco sobre as quedas dos últimos dias, e a decisão judicial do Reino Unido esta manhã também está a animar o sentimento", disse Michael Baughen, especialista global de investimento no JP Morgan Private Bank, em Tampa.
* O índice pan-europeu Eurofirst300 .FTEU caiu 0,07 pct, enquanto o STOXX 600 .STOXX fechou inalterado, com a subida do sector financeiro e de retalho a ser contrabalançada pela queda do índice de recursos naturais.
* Nos EUA, o índice S&P 500 cai 0,2 pct, mas o Dow Jones segue na linha de água.
Uma sondagem do New York Times/CBS de 1.333 eleitores registados mostrou que a candidata democrata, Hillary Clinton, está à frente do rival republicano, Donald Trump, por 3 pontos percentuais, entre 28 de Outubro e 1 de Novembro. A margem de erro do inquérito é de mais ou menos 3 pontos percentuais. Analistas disseram que a sondagem ajudou o dólar a recuperar.
* O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, manteve ontem a taxa de juro directora, na sua última decisão de política monetária antes das eleições presidenciais dos EUA, mas sinalizou fortemente que pode subi-la em Dezembro, com a economia a ganhar fôlego e a inflação a acelerar.
* Em Lisboa, a queda de 0,88 pct da NOS NOS.LS e de 1,29 pct da EDP Renováveis EDPR.LS são os títulos que mais contribuem para a descida do índice.
* A EDP Renováveis anunciou esta manhã que o seu lucro líquido teve uma queda homóloga maior que prevista de 71 pct para 29 milhões de euros (ME) nos nove meses de 2016, com o aumento de custos financeiros e dos minoritários, enquanto a comparação é prejudicada por fortes ganhos 'one off' há um ano.
Numa apresentação aos analistas, a EDPR informou que alterações regulatórias em Portugal deverão ter "impactos negativos limitados no curto prazo" em relação aos objectivos do plano de negócios divulgado em Maio deste ano. Pressão adicional dos CTT CTT.LS que cairam 0,31 pct, do BCP BCP.LS que desceu 0,59 pct e da Corticeira Amorim CORA.LS que recuou 1,58 pct antes de se saber que vai fazer uma colocação acelerada de até 10 pct do capital, cujo objectivo é aumentar a liquidez e representação no índice PSI20 .PSI20 .
* Em alta encerraram as energéticas Galp GALP.LS e EDP EDP.LS , com subidas de 0,25 pct e de 0,55 pct, respectivamente.
A eléctrica anunciou que o seu lucro líquido caiu menos que o previsto, recuando 16 pct nos nove meses de 2016, com a comparação penalizada por fortes ganhos 'one off' há um ano, apesar da boa performance operacional das áreas liberalizadas na Ibéria e de renováveis. Também a Altri ALSS.LS apresentará contas esta tarde, prevendo os analistas que o lucro tenha afundado 50 pct no terceiro trimestre de 2016, em termos homólogos, castigado pela forte descida dos preços da pasta do papel, segundo analistas, que consideram difícil prever o 'timing' de uma inversão da tendência no mercado. As acções caíram 0,35 pct. No mercado de dívida, a taxa das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos sobe um ponto base para 3,27 pct, acompanhando as das subidas ligeiras das congéneres espanhola e italiana.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou hoje que Portugal está a registar uma melhoria generalizada dos indicadores económicos e o Produto Interno Bruto (PIB) deverá voltar a acelerar no terceiro trimestre de 2016, face ao crescimento em cadeia de 0,3 pct no segundo.
Adiantou, no debate parlamentar do Orçamento de Estado (OE) para 2017, que "a confiança está em franca recuperação", frisando que "todos os setores da economia portuguesa têm hoje níveis de confiança muito superiores aos do momento em que o Governo tomou posse". (Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Shrikesh Laxmidas)