FRANKFURT, 12 Nov (Reuters) - A crise orçamental de Itália está a levantar preocupações mais amplas sobre a sustentabilidade de sua dívida pública e arrisca espalhar a turbulência para outros, disse o vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, esta segunda-feira.
Com Roma em confronto com a Comissão Europeia sobre os seus planos para aumentar a despesa, o BCE deixou claro que não intervirá para reduzir os custos de financiamento a Itália, já que a subida da 'yield' foi o resultado da violação das regras da UE pelo governo.
"Na Europa, observamos preocupações re-emergentes de sustentabilidade da dívida", disse Guindos numa conferência.
"No que diz respeito às finanças públicas, Itália é o caso mais proeminente no momento, à luz do nível geral de endividamento e das tensões políticas em torno dos planos orçamentais do governo italiano."
Acrescentou que a reação "forte" do mercado aos planos de despesa de Itália também levantou preocupações sobre os bancos, já que eles detêm grandes quantidades de dívida italiana e uma queda nos preços dos títulos enfraquece seus balanços patrimoniais.
A Comissão Europeia deu a Itália até terça-feira para apresentar um novo plano orçamental, mas o barulho político de Roma nos últimos dias não sugere que esteja disposta a recuar, aumentando o risco de escalada e sanções da UE.
"As fortes reações do mercado a eventos políticos provocaram novas preocupações sobre o nexo entre o banco soberano e partes da Europa", disse Guindos. "Embora o contágio tenha sido limitado até agora, continua sendo uma possibilidade."
Além das preocupações com a dívida, De Guindos também apontou uma potencial recessão nos Estados Unidos como um factor de risco, dado que a actual expansão é significativamente mais longa que as normas históricas.
Apontou ainda para riscos de tensões globais devido a um dólar mais forte e atritos comerciais.
"Isso poderá provocar um efeito dominó - levando a uma forte venda e a pressões de preços em activos com avaliações esticadas - com o potencial de transbordar para os mercados financeiros da área do euro", disse Guindos. (Por Balazs Koranyi Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua Editado por Sérgio Gonçalves)