MILÃO, 25 Out (Reuters) - O terceiro maior banco da Itália, Monte dei Paschi di Siena, decidiu na terça-feira abater malparado, despedir um décimo dos seu 'staff' e levantar 5.000 milhões de euros (ME), num plano que pode moldar o destino do sistema bancário do país.
O plano prevê a venda de cerca de 28.000 ME de crédito malparado, abaixo do valor contabilístico, bem como realizar o aumento de capital em final de Dezembro, uma meta ambiciosa dadas as preocupações dos investidores sobre os bancos da Itália e perspectiva política.
A reviravolta é a primeira fase de uma campanha apoiada pelo Governo para estabilizar o sector bancário e vender ou recuperar a maior parte dos 360.000 ME de empréstimos problemáticos.
O Monte dei Paschi, que havia anunciado as principais linhas do seu plano no final de Julho, após ter tido o pior resultado nos testes de 'stress' europeus, tem enfrentado uma grande batalha para convencer os investidores a fazerem a terceira recapitalização em muitos anos.
Essa tarefa é dificultada pela proximidade de um referendo sobre a reforma constitucional a 4 de Dezembro. O primeiro-ministro Matteo Renzi disse que sairá, se for derrotado no referendo, levantando preocupações para o futuro de seu Governo.
O novo Chefe do Executivo Marco Morelli foi nomeado em Setembro, após seu antecessor ter sido abruptamente substituído, e o banco - assistido pelo JP Morgan e Mediobanca - está a encaminhar-se para lançar uma troca de dívida por capital para limitar a diminesão do aumento de capital.
Morelli apresentou o novo plano estratégico para 2019 na terça-feira, que inclui 2.600 cortes de empregos e o fechar 500 filiais. A empresa prevê um lucro líquido de 1.100 ME em três anos e um sólido rácio CET 1 de 13,5 por cento.
No entanto, o banco espera encerrar 2016 com uma perda de 4.800 ME devido ao abatimento de elevados créditos malparados. Tal levará as perdas do banco desde 2011 para cerca de 20.000 ME.
O banco pediu aos accionistas para aprovarem o plano numa reunião a realizar em 24 de Novembro, de tal forma que possa tecnicamente lançar o aumento de capital no início de Dezembro. (Reportagem de Giulia Segreti; Traduzido para português por Sérgio Gonçalves; Editado em português por Shrikesh Laxmidas)