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Diamantes: investimento com um certo brilho

Publicado 22.09.2024, 16:56
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1. Os diamantes

Os diamantes, considerados como o mais antigo tesouro do mundo, cativam a humanidade com a sua beleza e raridade, há milénios. Mas além de serem símbolos de amor e estatuto social, estas pedras preciosas também são apreciadas como ativo de investimento, capaz de gerar valor ao longo do tempo.

Os diamantes formaram-se há cerca de 3,3 mil milhões de anos, a 200 quilómetros da superfície terrestre e sob condições extremas de pressão e temperatura (acima de 1200 graus Celsius), as quais possibilitaram a cristalização do carbono puro, resultando nestas pedras preciosas, conhecidas pela sua enorme dureza e brilho incomparáveis. Eles, também, podem ser produzidos em laboratório por fabricantes de diamantes.

1.1. Tipos de Diamantes

1.1.1. Diamantes naturais

Os diamantes naturais são formados, como dito anteriormente, a partir do carbono puro num processo de formação, que ocorre ao longo de milhões ou mesmo milhares de milhões de anos, na rocha fundida do manto terrestre e transportados através de fluxos de lava derretida para a superfície da Terra, onde são extraídos pela atividade mineira e, posteriormente, transformados como peças de joalharia e/ou material de utilização industrial.

1.1.2. Diamantes sintéticos

Este tipo de diamante é produzido em laboratório e existem duas formas de os obter, representando, apenas, 4% do mercado total de diamantes.

O primeiro método sintético denomina-se "alta pressão, alta temperatura", ou HPHT (sigla anglo-saxónica High Pressure High Tempertaure) e é o método que mais se aproxima do processo de produção de diamantes naturais, já que implica submeter a grafite (que é feita de carbono puro) a calor e pressão intensos. Porém, os diamantes obtidos neste processo, o qual demora alguns dias, não são tão puros como os naturais.

Já o segundo método de produção de diamantes, denominado como deposição química de vapor, permite a produção de diamantes, ainda mais perfeitos, do que os encontrados na natureza. A deposição química de vapor consiste em colocar um pedaço de diamante numa câmara de despressurização, onde é tratado com um gás natural sob um feixe de micro-ondas. Quando o gás aquece até cerca de 2000 graus Celsius, os elementos de carbono chovem sobre o diamante e aderem-lhe. Com este processo, os fabricantes podem produzir uma folha de diamante perfeita em pouco mais de 24 horas.

Está previsto um investimento de 400 milhões de euros numa fábrica de produção de diamantes artificiais na Covilhã, que permitirá criar 150 postos de trabalho.

2. Aplicações do diamante como material

2.1. Joalharia

Por norma, a aplicação mais conhecida do diamante é a joalharia de luxo, mercado no qual as mulheres são responsáveis por mais de 90% das compras de jóias adornadas com diamantes. Neste segmento da indústria, os diamantes preciosos naturais são os mais utilizados. No entanto, a utilização de diamantes preciosos sintéticos tem vindo a ganhar espaço no mercado, abrindo o leque de consumidores, considerando os custos de aquisição mais acessíveis.

2.2 Indústria

A sua utilização industrial, como material, tem várias vertentes. Porém, é importante salientar que os diamantes sintéticos de aplicação industrial podem ser divididos em monocristais e pluricristais, cujas variações determinam a sua utilização. Por exemplo, os diamantes de cristal único podem ter aplicações de condução térmica e/ou aplicações óticas. No que concerne aos diamantes policristalinos são aplicados como semicondutores, em estruturas direcionadas ao polimento e moagem e/ou ferramentas de corte preciso.

3. Classificação e valor

A classificação e valor dos diamantes segue a mnemónica dos 4Cs: Cut (corte/lapidação), Color (cor), Clarity (pureza visual) e Carat (quilate/peso).

3.1. Peso

A unidade de medida para pesar gemas de diamante é o Quilate (ct), em inglês Carat, o qual equivale a 0,2 gramas. Mas, o preço de um diamante de 2ct é muito maior do que o de dois diamantes de 1ct, uma vez que um diamante de 2ct é muito mais raro. Nessa variável, quanto mais pesado for, mais valor o diamante possui.

3.2. Pureza (visual)

A classificação de pureza mede a quantidade, o tamanho e as cores de inclusões internas, bem como as características da superfície visíveis com uma lupa de 10x de aumento. Nesta variável, quanto menos melhor. Na escala, FL – flawless (perfeita) encontra-se no extremo ótimo e SL2 o de menor qualidade, nesta variável.

3.3. Cor

A classificação de cor leva em consideração o tom de cada diamante comparado ao tom de gemas matrizes que são guias de referência criadas pelo GIA (Gemological Institute of America). Aqui, quanto "mais incolor" melhor, sendo D a letra mais incolor da escala e o Z a menos incolor.

3.4. Lapidação

A lapidação é a ação do homem para tirar da gema bruta o melhor nas 3 variáveis, referidas anteriormente, sem comprometer o diamante. A cidade de Surat, na Índia, é o maior centro de lapidação do Mundo, onde 9 em cada 10 diamantes são ali lapidados. Já a Antuérpia, na Bélgica, é o maior centro de comercialização de diamantes do Mundo. A sua localização geográfica, o seu porto natural e a comunidade de judeus, lá estabelecida após a sua expulsão de Portugal, no século XV, permitiram a esta cidade belga afirmar-se na história e tradição destas pedras preciosas.

A lapidação brilhante, também conhecida como lapidação completa, foi projetada para que toda a luz que entra na gema seja refletida para cima, tornando o diamante ainda mais brilhante. Para além do brilho, o formato da gema também impacta o preço, um diamante brilhante redondo pode ser mais desejado que um diamante triangular.

4. Os números e as estatísticas

Apenas 22 países no mundo se dedicam à extração de diamantes brutos, também conhecidos como diamantes naturais ou não lapidados, extraindo-os de depósitos dentro dos seus territórios. O custo médio para minerar um diamante de 1 quilate varia entre os 100 os 200 dólares americanos.

A África é uma região importante em termos de mineração de diamantes. Em 2022, o continente africano foi responsável por quase 61,3% da extração industrial global de diamantes.

A República Democrática do Congo, África do Sul e Botsuana foram os principais fornecedores do mineral. De acordo com a GlobalData, atualmente, há mais de 145 minas de diamantes em operação. A Mina Kao é uma mina de superfície situada no Lesoto e, em 2023, foram extraídos mais de 13,3 milhões de quilates de diamantes. A Mina Jwaneng, localizada no Botsuana, produziu mais de 11,8 milhões de quilates de diamantes e, no mesmo ano, a Mina Orapa, também no Botsuana, fechou o pódio, tendo produzido mais de 9 milhões de quilates de diamantes.

Aikhal (significa "fama") é a maior mina de diamantes do mundo. Localiza-se na Rússia e é responsável por um terço da produção global de diamantes brutos. Foi uma mina a céu aberto entre 1961 e 1997 e tornou-se, a partir de 2005, uma mina subterrânea com uma profundidade até 200 metros, em contínuo aumento de profundidade. Apesar da produção anual da mina ser cerca de 1,3 milhões de quilates, sabe-se que a mesma tem reservas superiores a 40 milhões de quilates.

Em 2023, a Rússia produziu mais de 37 milhões de quilates de diamantes, tornando-se, de longe, o maior país minerador de diamantes do mundo. Botsuana e Canadá ficaram em segundo e terceiro lugares, com uma produção aproximada de 25 e 16 milhões de quilates de diamantes, respetivamente.

Contudo, maior produção não implica maior valor gerado e os dados de 2021 validam isso. Nesse ano, a Rússia produziu um total superior a 39 milhões de quilates e o Botsuana chegou aos 22,9 milhões de quilates. No entanto, o valor gerado, em dólares americanos, foi superior a 4,5 mil milhões no Botsuana e apenas 2,5 mil milhões na Rússia. Apesar de Angola ter sido o 6º produtor mundial em quilates, o valor gerado permitiu ficar em terceiro lugar a nível mundial, ultrapassando o Canadá e a África do Sul, dois dos maiores produtores, a nível global.

Foi na África do Sul, no ano de 1985, que o maior diamante do mundo foi encontrado – o Jubileu Dourado, pesa mais de 109g (mais de 545 quilates) e tem um valor estimado de 12 milhões de dólares americanos.

4.1. Números da indústria e do mercado

Atualmente, a indústria e o mercado dos diamantes empregam mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo, salientando-se que 1 milhão de empregos são gerados pelo segmento da indústria da mineração e a Índia, líder mundial na lapidação, tem mais de 1 milhão de pessoas empregadas neste segmento.

No momento atual, cerca de 80% dos diamantes do mundo são extraídos por cinco grandes empresas: ALROSA, De Beers, Dominion Diamond Mines, Petra Diamonds e Rio Tinto (LON:RIO), estas duas últimas cotadas em bolsa e apresentadas, sucintamente, mais adiante.

Os Estados Unidos da América são o maior consumidor de diamantes do mundo. 54% do consumo mundial destas pedras preciosas dirigem-se ao público norte-americano. No entanto, mais da metade dos diamantes polidos vendidos nos Estados Unidos da Améria, desde o verão de 2023, são criados em laboratório.

No Botsuana, a indústria de diamantes é responsável por cerca de 30% do PIB do país e 70 a 80% da sua receita de exportação. Em 2020, ano de pandemia, esta mesma indústria contribuiu com 905 milhões de dólares americanos para o PIB do Canadá.

Em 2022, a Índia exportou quase 26 mil milhões de dólares americanos em diamantes, tornando-se o maior exportador de diamantes do mundo, tendo sido, simultaneamente, o maior importador a nível global. No mesmo ano, os diamantes foram o segundo produto mais exportado no país, cujo principal destino das exportações destas pedras preciosas foram os Estados Unidos da América, num valor superior 9,7 mil milhões de dólares americanos, seguindo-se Hong Kong, Bélgica e Emirados Árabes Unidos.

Em 2021, a indústria dos diamantes foi avaliada num valor superior a 94 mil milhões de dólares americanos, ultrapassando os 96 mil milhões de dólares americanos, em 2022. Análises menos conservadoras estimaram esta indústria num valor superior a 100 mil milhões de dólares americanos.

Apesar de um declínio acentuado na procura nos mercados asiáticos, China e Hong Kong, e uma drástica quebra dos preços dos diamantes, cerca de 20%, em 12 meses, as previsões de crescimento e valorização desta indústria são assinaláveis.

Segundo várias avaliações, até 2032, a indústria dos diamantes poderá ultrapassar os 121 mil milhões de dólares americanos, sendo que análises menos conservadoras preveem uma valorização acima dos 123 mil milhões de dólares americanos já em 2030, ultrapassando os 155 mil milhões de dólares americanos, em 2032.

Estes dados mostram que a Taxa de Crescimento Anual Composta prevista para esta indústria varia entre os 3% e os 4,5% no intervalo de tempo 2023 a 2032.

5. Oportunidades de investimento

O investimento em diamantes poderá ser efetuado em 3 vertentes: diretamente no ativo físico, em ETFs que detenham nas suas listas de holdings empresas da indústria dos diamantes e/ou em ações de empresas inseridas neste mercado. Neste artigo abordo, unicamente, a terceira forma de investimento

São agora apresentadas algumas oportunidades de investimento em empresas ligadas à indústria dos diamantes, nos segmentos da joalharia e da mineração. Ela oferece, como visto anteriormente, grande potencial de crescimento, impulsionada pela procura global e pela valorização deste tipo de artigos de luxo.

É crucial ressaltar que, devido à especificidade e volatilidade deste mercado, torna-se fundamental realizar uma análise e avaliação cuidadosa de cada oportunidade. Fatores como flutuações de preços, regulamentações locais e condições geopolíticas podem impactar, significativamente, os resultados. Portanto, é recomendada uma abordagem informada e estratégica antes de qualquer decisão de investimento.

  • LVMH Moët Hennessy - Louis Vuitton, Société Européenne (EPA:LVMH) (MC.PA) empresa francesa do ramo da moda fundada em 1365 e sedeada em Paris. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 2,12%. O EPS e o PE ultrapassam 21. PS e PB são superiores a 3,5 e 4,7, respetivamente. A margem de lucro ultrapassa os 16,3% e a margem operacional situa-se acima de 25,5%.
  • Rio Tinto Group (NYSE:RIO) empresa inglesa, fundada em 1873, com sede em Londres. O PE situa-se acima de 9,6 e o EPS acima de 6,5. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 6,67%. PS e PB ultrapassam 1,9. A margem de lucro é superior a 19,8%
  • Anglo American plc (LON:AAL) empresa inglesa com sede em Londres, fundada em 1917. O PS ultrapassa 1.1 e o PB posiciona-se acima de 1,4. A margem operacional é superior a 23% e o ROA situa-se acima de 5,9%. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 2,95%.
  • Signet Jewelers Limited (NYSE:SIG) empresa sedeada em Hamilton, na Bermuda. O EPS situa-se acima de 8,6 e o PE acima de 10,9. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 1,19%. A margem de lucro é superior a 8,5% e ROE ultrapassa os 26,8%. PS e PB situam-se acima de 0,6 e 2, respetivamente.
  • Star Diamond Corporation (TSX:DIAM) empresa canadiana fundada em 1985. O PB ultrapassa 3, ROA e ROE são negativos inferiores a -28% e -93%, respetivamente.
  • Mountain Province Diamonds Inc. (TSX:MPVD) empresa canadiana fundada em 1986. O PE situa-se acima de 0,55 e o EPS ultrapassa 0,2. PS e PB são superiores a 0,06 e a margem operacional supera os 14,7%.
  • Lucara Diamond Corp. (TSX:LUC) empresa canadiana com sede em Vancouver e fundada em 1981. O PS ultrapassa 0,8 e o PB situa-se acima de 0,62. A margem operacional é superior a 38% e o ROE posiciona-se acima de 3,8%.
  • Petra Diamonds Limited (F:FPO) empresa inglesa fundada em 1997. PS e PB ultrapassam 0,2. A margem de lucro é negativa, abaixo de -29% e a margem operacional encontra-se também negativa, inferior a -3,3%
  • Talmora Diamond Inc. (CSE:TAI) empresa canadiana com sede em Toronto e fundada em 1996. O PB é superior a 35. PE é negativo, abaixo de -15.

6. Conclusão

O mercado dos diamantes, com a sua marcante história e o valor inestimável, continua a ser uma área de grande potencial de investimento, desde a extração até à comercialização.

Contudo, como demonstrado ao longo deste artigo, a indústria é complexa e influenciada por inúmeros fatores, pelo que investir neste setor requer uma análise profunda e uma avaliação estratégica das oportunidades, tanto em empresas estabelecidas quanto em novas iniciativas.

Ao equilibrar as expectativas de crescimento, com os riscos inerentes, os investidores podem aproveitar as oportunidades deste mercado, sempre com uma abordagem cautelosa e informada.

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