FRANKFURT, 18 Out (Reuters) - Os bancos da zona euro deverão apertar o acesso ao crédito corporativo pela primeira vez em dois anos e meio, dado que estão mais cautelosos com o risco e as taxas de juros negativas 'comem' os seus lucros, segundo uma sondagem do Banco Central Europeu (BCE).
A ultra-laxista política do BCE - incluindo a compra de Bonds, empréstimos livres para bancos e uma taxa sobre depósitos - têm alimentado uma recuperação dos empréstimos na zona euro, mas as margens dos bancos começaram a sofrer, levantando preocupações sobre os efeitos colaterais negativos de taxas abaixo de zero.
Os bancos deixaram de relaxar os padrões de crédito às empresas nos três meses até Setembro e uma estreita maioria espera apertá-los no atual trimestre, segundo uma sondagem a 141 bancos feita pelo BCE.
Os bancos, inquiridos no mês passado, citaram uma menor tolerância ao risco como um factor para aquele aperto, quando decidirem quais as empresas que terão acesso a empréstimos ou linha de crédito nos três meses até Setembro.
Este manifestaram o seu desconforto com a taxa de depósito negativa do BCE, que é efetivamente um encargo sobre o excesso de depósitos dos bancos junto do Banco Central.
A grande maioria dos bancos disse que este encargo teve um impacto negativo sobre as taxas dos empréstimo e as suas margens ao longo dos últimos seis meses. Alguns até disseram que tal está a levar a um aumento nos encargos facturados aos seus clientes corporate, que cobram acima dos juros.
A procura de crédito por parte das empresas cresceu menos do que o esperado pelos bancos no terceiro trimestre do ano, com os bancos em Espanha e Itália a reportarem uma queda.
As taxas de juros ultrabaixas do BCE são vistas como o principal factor por trás do aumento da procura no terceiro trimestre, com a actividade de fusões e aquisições e o refinanciamento da dívida também a contribuirem. (Por Francesco Canepa; Traduzido para português por Sérgio Gonçalves; Editado em português por Daniel Alvarenga)