Por Sergio Goncalves
LISBOA, 12 Abr (Reuters) - A Universidade Católica reviu sete décimas em alta a sua previsão do crescimento do PIB de Portugal para 2,4 pct em 2017, superando largamente a estimativa do Governo, vendo a economia a continuar a acelerar no primeiro trimestre deste ano com a recuperação do investimento e do rendimento disponível.
A Católica-Lisbon Forecasting Lab/NECEP estima que, no primeiro trimestre de 2017, o PIB tenha crescido 0,9 pct face ao trimestre anterior, contra 0,7 pct no quarto trimestre de 2016, e aponta para uma variação homóloga de 2,7 pct versus 2,0 pct nos três meses anteriores.
Explicou que "este crescimento trimestral do produto reflecte aquela que parece ser a melhoria da situação económica, nomeadamente, em termos de recuperação do investimento e do rendimento disponível, que cresceu 2,8 pct no ano passado em termos reais".
Na Folha Trimestral de Conjuntura realçou que, "caso se materialize a estimativa ora avançada pelo NECEP, tratar-se-á do crescimento homólogo mais expressivo desde o quarto trimestre de 2007".
"Tendo em conta estes desenvolvimentos recentes, o NECEP projecta um crescimento do PIB de 2,4 pct em 2017. Este valor constitui uma revisão em alta de 0,7 pontos percentuais (p.p.) face à estimativa de janeiro, como resultado do bom desempenho da economia portuguesa no segundo semestre de 2016", afirmou.
"No entanto, esta projecção tem subjacente os efeitos desfasados da política orçamental de 2016 e o desempenho fraco da economia no primeiro semestre desse ano que favorece, através do efeito de base, o crescimento em 2017", adiantou.
O Executivo prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresça 1,5 pct em 2017, embora admita que o crescimento possa situar-se mais perto dos 2 pct. Em 2016, a economia cresceu 1,4 pct, menos duas décimas do que em 2015.
O NECEP prevê que a economia portuguesa deverá crescer 1,9 pct em 2018, uma revisão em alta de 0,5 p.p. face à sua anterior estimativa, "após a dissipação dos efeitos pontuais que beneficiam o corrente ano", enquanto para 2019, o ponto central da previsão é agora de 1,6 pct.
"Estas projeções estão rodeadas de uma enorme incerteza provocada, sobretudo, pela dimensão dos desequilíbrios financeiros do Estado e das necessidades de capital no setor financeiro já este ano e nos próximos, para além da validação da recuperação do investimento", afirmou.
O défice público português de 2016 foi o mais baixo em 42 anos de Democracia e muito inferior aos 2,5 pct que impunha Bruxelas, reforçando o argumento do Governo que o país sairá do Procedimento de Défices Excessivos (PDE). O Governo prevê um défice de 1,6 pct em 2017.
"A nova informação sobre as finanças públicas de 2016, disponibilizada no âmbito do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE), permite calcular um défice em 2017 equivalente a cerca de 2,4 pct do PIB na ausência de medidas de gestão adicionais por parte do Governo, logo claramente acima do ambicioso objetivo orçamental de 1,6 pct", referiu.
"Acresce que este ano trará operações extraordinárias no setor financeiro que aumentarão a dívida pública mesmo que não venham a ter impacto contabilístico no défice corrente das Administrações Públicas", concluiu.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)