Por Sergio Goncalves
LISBOA, 29 Mar (Reuters) - O CEO da Altice Portugal está optimista que concluirá com sucesso a venda da "valiosa" rede de fibra portuguesa, que está a atrair mais de 10 interessados pois é uma infraestrutura moderna, com elevada taxa de cobertura e aberta a concorrentes.
Ontem, a Altice Europe anunciou que a venda dos activos portugueses deverá ser concluído no segundo trimestre.
Perguntado sobre se está optimista que concluirá com sucesso esta alienação, disse: "Claro. Na Europa, somos o país mais avançado em taxa de penetração de fibra no total da população, a seguir à Estónia que é um país mais pequeno, e teremos para o ano cerca de 100 pct".
"Temos bastante interessados, mais de uma dezena de candidatos. A venda está em fase de análise e não vale a pena elaborar muito mais", disse Alexandre Fonseca aos jornalistas, recusando avançar com valores de avaliações para esta rede.
"Esta rede é valiosa. Quanto vale? Não sei. Temos a nossa ambição (...) mas tem um valor grande e que se reflecte no número de interessados que a têm estado a analisar", realçou o Chief Executive Officer (CEO).
Explicou que "esta rede tem muito valor pela sua dimensão, pela sua modernidade, capilaridade e pelo facto de poder albergar novos serviços e novos operadores".
Afirmou que a percentagem a alienar ainda não está definida, adiantando: "já mostrámos nas recentes operações de venda das torres que estamos disponíveis para vários modelos - em França, temos uma posição maioritária; em Portugal, temos uma posição minoritária".
A rede da Altice cobre já 4,5 milhões de casas portuguesas ou 80 pct do total e visa cobrir 5,3 milhões de lares no próximo ano. Ao contrário da rede de fibra francesa, a portuguesa oferece aos interessados bons retornos com estabilidade.
"É muito atractiva porque é uma rede de fibra óptica nova, grande e capilar, que foi toda construída numa lógica de 'wholesale'", disse, explicando que esta rede foi, desde início em 2015, construída com uma capacidade em que 30 pct foi logo destinada a ser usada por concorrentes.
"Desde o início tinhamos uma perspectiva, uma lógica 'wholesale', grossista e tem muito valor por isso", sublinhando que, desde o início, qualquer operador pode aceder a esta rede "em condições de mercado validadas pela Anacom".
A Lazard está actualmente a executar um processo para encontrar um comprador para parte da rede de fibra portuguesa da Altice.
Em Fevereiro, fontes disseram à Reuters que vários fundos de investimento estão a olhar para o negócio, incluindo Brookfield Asset Management, Stonepeak Parceiros de Infraestrutura, Blackstone e Digital Bridge.
Anteriormente, a Reuters tinha informado também o interesse da KKR, Morgan Stanley (NYSE:MS) Infrastructure Partners, Ardian, Macquarie Group e Squared Capital.
No ano passado, o grupo levantou cerca de 4.000 milhões de euros em vendas das participações nas suas empresas de torres em França e em Portugal. Também vendeu parte da sua rede de fibra francesa a um consórcio da Allianz (DE:ALVG) Capital Partners, AXA Investment Managers e OMERS Infraestrutura em novembro.
"Seja qual for o modelo (de venda), seja qual for a nossa participação, o que não estará em causa nunca é a continuidade da expansão do crescimento da rede para levá-la a todo o país, sendo que a Altice Portugal continuará a usar os métodos e procedimentos para tal", disse.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)