Por Shrikesh Laxmidas
LISBOA, 24 Out (Reuters) - A desobrigação da estatal Petrobras PETR4.SA ser a operadora exclusiva no pré-sal brasileiro é positiva, pois deverá acelerar o desenvolvimento dos projectos, disse Carlos Gomes da Silva, Chief Executive Officer (CEO) da Galp Energia (LS:GALP), que realçou o alargar da parceria entre as duas empresas.
A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou a 5 de Outubro o texto-base do projeto que desobriga a Petrobras de ser a operadora exclusiva em áreas do pré-sal sob regime de partilha. medida era uma das medidas mais aguardadas na indústria de petróleo e gás natural do Brasil, devido às dificuldades financeiras da Petrobras, que a impedem de aportar os volumes relevantes de recursos necessários para desenvolver essas áreas.
"É positivo porque, se a limitação do desenvolvimento estivesse ancorada apenas e só num operador, como era o caso da Petrobras, com as limitações que todos temos, e a Petrobras também tem hoje limitações financeiras importantes, colocaria uma velocidade de desenvolvimento de toda a dimensão petrolífera brasileira muito mais lenta," referiu Gomes da Silva.
"Com essa abertura, com esse relaxamento de condições, a Petrobras poderá optar por estar ou não estar (nos projectos)", adiantou aos jornalistas.
A medida retira a exclusividade da petrolífera brasileira, mas garante a preferência para a empresa operar blocos sob o regime de partilha. Caso a Petrobras queira operar o bloco, sua participação mínima no consórcio não poderá ser inferior a 30 pct.
NGULO ESTRATÉGICO
A Galp é parceira minoritária da Petrobras em vários projectos no pré-sal da Bacia de Santos no Brasil, país que a empresa portuguesa vê como principal motor de crescimento e investimento nos próximos anos.
Vincou que o Brasil apresenta hoje oportunidades, devido à saída da Petrobras de alguns dos activos e às novas licitações previstas nos próximos anos.
"Tenho vindo a dizer que quando medimos todos os riscos envolvidos na nossa indústria, o Brasil continua a ser um dos lugares mais extraordinários em termos de qualidade de activos e de contexto de negócios, e o ângulo estratégico que a Galp tem dentro da lusofonia conjuga-se com isso."
"Obviamente, naquilo que afecta a Galp, tendo a Petrobras como um dos parceiros estratégicos, não é indistinto a Petrobras estar ou estar nas parcerias que fazemos, mas felizmente também temos muitas outras parcerias no Brasil", disse Gomes da Silva.
Adiantou: "com uma certeza, sempre que acreditamos num projecto, e no Brasil sempre foi assim, não há nenhum projecto em que a Galp tenha investido em que a Petrobras não esteja, e isso também quer dizer muito do trabalho conjunto que estamos a fazer e muito da afinação que temos na avaliação do potencial dos recursos", vincou.
A 11 de Janeiro, a Petrobras Galp assinaram um memorando de entendimento com o objetivo de expandir a cooperação entre ambas as companhias, consolidando sua aliança estratégica. sobre os efeitos práticos do alargamento da parceria, Gomes da Silva recordou "a Petrobras é o parceiro mais relevante que a Galp tem nos últimos 15 ou 20 e anos,".
Explicou que, em simultâneo, a Galp é, dentro da indústria, a empresa que mais se percebe em termos da exposição ao Brasil - os investidores e analistas sempre olham para a Galp como a empresa que eventualmente melhor compreenda como o Brasil funciona.
"O que aconteceu foi o ancorar, o formalizar, aquilo que é um parceria de facto. Onde é que ela se vai traduzir? No desenvolvimento de novas oportunidades para ambas empresas, seja no Brasil ou fora do Brasil".
(Editado por Sérgio Gonçalves)