Investing.com – A bolsa de Lisboa iniciou a jornada no vermelho, em contra-ciclo com as congéneres europeias, e assim caminha para a última sessão da semana. O PSI 20 terminou o dia a perder 2,01% para os 5.423,29 pontos, com três cotadas em alta e 17 em baixa.
Para alguns analistas o facto do índice principal da praça lisboeta não registar quedas tão acentuadas como as da semana passada, em plena tempestade política, explica-se porque os alguns investidores estão otimistas em relação a um possível entendimento entre PSD, PS e CDS.
Contra todas as expectativas, o presidente da República surpreendeu o país ao vetar o acordo governamental proposto pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e por Paulo Portas, que desencadeou uma crise política depois de apresentar um pedido de demissão do ministério dos Negócios Estrangeiros depois da saída de Vítor Gaspar do ministério das Finanças.
Numa declaração ao país, ontem, o chefe de Estado desafiou os três partidos a estabelecerem um compromisso de salvação nacional, com eleições em 2014. O impasse da semana passada mantém-se e sem surpresas o setor da banca, mais exposto ao risco da República, foi o que mais pressionou o PSI 20 ao longo da sessão desta quinta-feira.
O Banif liderou as perdas com um tombo de 13,33% para os 0,052 euros por ação, penalizado pelas incertezas sobre a operação de aumento de capital do banco. Os títulos do BCP e BPI também registaram quedas acentuadas de 7,53% e 6,54% para os 0,086 euros e 0,857 euros respetivamente. As ações do BES recuavam 4,94% para os 0,596 euros.
Também em forte destaque pela negativa estiveram as ações da Sonae a cair 5,1% para os 0,702 euros. Entre a Sonae Indústria a queda foi de 3,06% para os 0,475 euros. Já a Sonaecom recuou 3,74% para os 1,546 euros.
A contrariar esta maré negativa esteve a Semapa, a valorizar 1,47% para os 6,75 euros por acção. Os títulos da Portucel e do Espírito Santo Financial Group valorizaram 1,45% e 0,7% para os 2,59 euros e 5,198 euros respetivamente.
As taxas de juro implícitas da dívida pública subiram hoje em todas as frentes no mercado secundário.
Lá fora, entre as praças de referência do velho continente, a cor foi outra, com os investidores a manifestarem otimismo com as notícias vindas dos Estados Unidos. O índice Eurostoxx 50 subiu 0,80% para os 2.681,05.
O DAX alemão destacou-se com uma subida de 1,14%. Já o CAC francês valorizou 0,74%, no dia em que o Instituto de Estatísticas francês avançou que os preços no consumidor subiram 0,2% em junho, depois de um aumento de 0,1% no mês anterior. Em termos homólogos, em junho registou-se um crescimento de 0,9%, contra os 0,8% observados em maio passado.
O FTSE londrino apreciou 0,59% e o IBEX madrileno 0,45%. O MIB italiano manteve-se inalterado. Itália regressou ao mercado e conseguiu financiar-se, pagando juros mais baixos na primeira sessão depois do corte de “rating” da agência de notação S&P.
A bolsa de Atenas, a par de Lisboa, contrariou a tendência europeia e fechou a perder 0,98%.
Do outro lado do Atlântico, Wall Street acordou no “verde” animado pelas palavras do presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos que disse que “uma política altamente acomodatícia para o futuro próximo é o que a economia dos EUA precisa.”
Em junho, Ben Bernanke admitiu que o programa de estímulos poderá começar a ser “moderado” no fim do ano, mas ressalvou que a política do FED não está “pré-determinada” e que tudo depende da evolução da economia.
Precisamente esta quinta-feira foram divulgados os dados sobre os pedidos de subsídios de desemprego, que aumentaram, para o nível mais alto dos últimos dois meses. O Departamento do Trabalho norte-americano anunciou que na última semana foram entregues mais 16 mil pedidos, num total de 360 mil. A grande parte dos analistas esperava uma queda para os 340 mil.
Ainda assim, as bolsas dos Estados Unidos seguiam a avançar com o índice industrial Dow Jones a subir 0,94% e o tecnológico Nasdaq 1,26%. O S&P 500 apreciava 1,03%.