Por Sergio Goncalves
LISBOA, 28 Mar (Reuters) - O fundo activista Elliott anunciou hoje que requereu que a Assembleia Geral da EDP EDP.LS a 24 de Abril vote já que se acabe com o limite de 25 pct aos votos, que pode por "fim imediato" ao 'bid' de 9.000 ME da China Three Gorges (CTG) se for chumbada pelos accionistas.
Actualmente, pelos Estatutos da EDP-Energias de Portugal , cada accionista só pode votar com um máximo de 25 pct dos votos, independentemente da posição que detenham.
Na OPA geral lançada pela CTG em Maio de 2018, os chineses puseram como condição de sucesso desta operação acabar com este limite de 25 pct.
Em comunicado a Elliott lembrou que, "caso a deliberação não obtenha uma maioria qualificada de dois-terços (66,6 pct) dos accionistas presentes na AG, o limite de voto permanecerá em vigor".
"Tal resultado deve não só permitir o fim imediato da oferta na sua forma actual, como também proporcionar à sociedade a certeza necessária para planear o futuro", disse a Elliot.
Este requerimento da Elliot foi ontem apresentado ao Vice-Presidente da mesa da Assembleia Geral da EDP. A mesa da AG tem de aceitar este pedido para que este seja incluido na ordem de trabalhos da assembleia.
A oferta da CTG para comprar a EDP e a EDP Renováveis, com respectivos preços de 3,26 euros por acção e de 7,33 euros, foram rejeitados pelas duas empresas portuguesas, apesar de considerarem que o projecto industrial poderia ter potencial.
Em Fevereiro, a Elliott anunciou que enviou à EDP uma alternativa à Oferta Pública de Aquisição (OPA) da CTG, propondo o fundo norte-americano que a EDP cristalize 7.600 ME de valor com vendas de activos, incluindo a alienação dos 51 pct que a 'utility' portuguesa tem na EDP Brasil
A EDP anunciou em 12 de Março que planeia investir 12.000 milhões de euros (ME) até 2022 para impulsionar a aposta em renováveis sobretudo na América do Norte e Europa, prevendo encaixar mais de 6.000 ME com rotações e vendas de activos, reduzindo a exposição na Ibéria.
A estatal chinesa CTG, que é a maior accionista da EDP com 23 pct de participação, lançou uma oferta de 9.000 ME sobre a 'utility' portuguesa em Maio do ano passado, mas a EDP considerou que o preço de 3,26 euros por acção é muito baixo.
A Elliott tem uma posição de 2,9 pct na EDP, sendo um dos dez maiores acionistas.
A OPA da CTG precisa de aprovação regulatória em vários países, incluindo o Brasil, os Estados Unidos, Portugal e a União Europeia.
Recentemente, fontes disseram à Reuters que a CTG interrompeu as negociações com os reguladores da UE sobre o lance proposto.
Os analistas vêm difícil que a CTG tenha o 'OK' das autoridades norte-americanas - Cifius - para comprar os activos nos EUA, bem como da DG COMP europeia pois pode violar as regras europeias de concorrência do 'unbundling' - obrigação de separar a produção e a distribuição de electricidade do transporte.
Em Portugal, o transporte de electricidade é fornecido pela REN-Redes Energéticas Nacionais RENE.LS, que é detida em 25 pct pela China State Grid, que, como a CTG, é propriedade do Estado chinês. A EDP produz e distribui electricidade.
As acções da EDP seguem a subir 0,72 pct para 3,515 euros.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)