Por Sergio Goncalves
SINES, 12 Fev (Reuters) - As empresas americanas têm um forte interesse no porto de Sines, que tem em curso um concurso internacional para um novo terminal de contentores, dado que a sua localização é estratégica para as exportações de gás natural dos EUA para a Europa, disse o secretário de Estado da Energia norte-americano.
Portugal lançou em Outubro um concurso internacional para o novo terminal de contentores neste porto de águas profundas a sul de Lisboa, que é o porto europeu mais próximo do Canal do Panamá. Simultâneamente, a PSA de Singapura, concessionária do actual único terminal de contentores existente em Sines, está também a aumentar a sua capacidade.
Esta expansão do porto de águas profundas de Sines será crucial para o terminal de GNL da REN (LS:RENE) Atlântico receber remessas maiores de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos ou de outros países através de navios-tanque.
"É um ponto estratégico e único para nós e uma parte muito boa dos economics do gás natural...é um projecto importante para a indústria americana", disse Dan Brouillette, numa visita a Sines, tendo a seu lado o ministro português das Infraestruturas.
Realçou que os EUA acreditam "que o LNG é um importante combustível de transição em muitos casos para muitos países europeus e este porto em particular serve como uma importante porta de entrada para a Europa".
"Estamos excitados em ver o desenvolvimento aqui, estamos excitados em ver a infraestrutura potencial a construir aqui, e esperamos trabalhar com Portugal e a indústria aqui para este próximo concurso", adiantou o secretário de Estado.
Adiantou que o facto das empresas americanas terem vindo com ele, nesta visita a Sines, "indica um interesse americano muito forte nesse porto".
"Vamos aguardar e ver o encerramento do concurso para ver quais empresas (americanas que) podem participar", disse o secretário de Estado dos EUA.
Acerca do 'tender' do novo terminal, a companhia de navegação estatal chinesa Cosco e o Shanghai International Port Group demonstraram interesse potencial no contrato de 50 anos para construir e operar este terminal, que custará mais de 640 milhões de euros, segundo o jornal Público.
O vencedor deve ser escolhido no último trimestre de 2020.
O novo terminal terá uma capacidade de movimentação anual de 3,5 milhões de TEU-Unit Equivalent to Twenty Feet e um cais com 1.375 quilómetros de extensão, o que permitirá receber os maiores navios do mundo.
O ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos disse que esta visita de uma "figura de topo da hierarquia dos EUA, o que sinaliza a importância que dão aos possíveis investimentos que podem ser realizados no porto de Sines".
"Nós estamos a trabalhar para conseguir despertar o interesse de investidores e o porto de Sines é a porta de entrada de energia, não só na Península Ibérica, como em toda a Europa", afirmou.
Adiantou que "esta visita sinaliza o interesse dos EUA na possibilidade do porto de Sines ser usado como porta de entrada de energia, nomeadamente o gás, em toda a Europa", o gás dos EUA é competitivo a níveis europeus.
"É uma oportunidade que temos de agarrar, é uma visita que valorizamos bastante. Nesta visita estão muitas empresas com as quais vou ter oportunidade de reunir. Há um trabalho em permanência com empresas de todo o globo", concluiu.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)