LISBOA, 8 Mar (Reuters) - A Europa irá sofrer um atraso de quase dois anos em termos de telecomunicações caso não permita que a Huawei desenvolva a rede 5G no seu território, segundo Miguel Almeida, CEO da telecom portuguesa NOS NOS.LS .
"Se a decisão da Europa for no sentido de não permitir redes 5G da Huawei isso significa um atraso de pelo menos dois anos nos países que seguirem essa norma", disse Miguel Almeida nesta sexta-feira durante a conferência de apresentação de resultados da empresa.
No entanto o CEO vê como "critíco" que o desenvolvimento da rede 5G pela Huawei seja proíbido se o mesmo for uma ameaça para a segurança pública. "Mas não deixo de salientar que (a Europa) se vai atrasar face às grandes potências no sector", acrecentou Miguel Almeida.
A desconfiança nas redes desenvolvidas pela gigante chinesa foi levantada por vários países, incluindo pelos Estados Unidos, devido às ligações da empresa ao Governo da China, que poderia pôr em causa a segurança dos países em que opera.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, alertou os aliados contra o uso de equipamentos da Huawei, dizendo que isso tornaria mais difícil para Washington "fazer parceria com os mesmos".
Andy Purdy, director da segurança da Huawei, respondeu que a gigante de tecnologia chinesa está pronta para enfrentar as medidas de segurança necessárias para continuar na corrida para desenvolver redes 5G de próxima geração na Europa Central e de Leste.
Recentemente, a Huawei abriu uma nova porta na batalha com o governo dos EUA, entrando com uma acção judicial que questiona a proibição do Congresso sobre o uso de produtos das empresas de tecnologia chinesas pelas agências federais.
"A NOS não tem conhecimento que existam problemas de segurança concretos referentes à Huawei e com as suas redes. De facto, acompanhamos as notícias, mas não existem evidências que tais problemas levantandos recentemente sejam reais", sublinhou o CEO da NOS.
Em Julho 2018, a Altice Portugal anunciou que estava a trabalhar com a Huawei para tornar Portugal um líder na Europa no desenvolvimento de redes 5G.
A telecom portuguesa NOS divulgou um aumento de 15,8 pct para 141 milhões de euros (ME) em 2018, apoiado pelo crescimento do número de clientes e pelos ganhos de quota de mercado em receitas, segundo comunicou a empresa.
O EBITDA-lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações cresceu 2,8 pct para 591,8 ME e as receitas expandiram 1,1 pct para 1.576 ME. empresa anunciou ainda que vai propôr o aumento de 16,7 pct do dividendo para 35 cêntimos por acção. (Por Gonçalo Almeida e Catarina Demony Editado por Catarina Demony)