LISBOA, 30 Jan (Reuters) - A Bolsa deverá abrir em leve alta, segundo os futuros dos principais índices europeus, num 'rebound' do forte tombo de ontem, com os investidores em Portugal atentos à eventual estabilização das acções dos CTT CTT.LS e à reacção da Galp Energia GALP.LS aos dados operacionais do quarto trimestre.
Os futuros do Euro STOXX 50 STXEc1 , do alemão DAX FDXc1 , do britânico FTSE FFIc1 e do francês CAC FCEc1 seguem a subir entre 0,1 e 0,2 pct.
* A petrolífera Galp Energia GALP.LS anunciou esta manhã que o seu volume de crude processado subiu 0,2 pct em termos homólogos para 28,8 milhões de barris no quarto trimestre de 2016, enquanto a margem de refinação 'benchmark' caiu 3,4 pct para 3,9 dólares por barril.
* O Conselho de Administração da CMVM deliberou a proibição temporária de vendas a descoberto das acções dos CTT durante o dia de hoje.
Os títulos do operador postal afundaram ontem quase 14 pct para o mínimo histórico de 5,171 euros, após o corte inesperado do 'guidance' com uma maior quebra estrutural do negócio de correio, competição no expresso e o difícil 'roll out' do BancoCTT até à rentabilidade.
* Habitualmente, a reunião da Reserva Federal, dados relativos ao emprego e uma bateria de resultados empresariais dominariam as atenções dos investidores.
Mas no mundo actual, as decisões do novo Presidente dos Estados Unidos sobrepõem-se, estando na primeira linha das reacções do mercado, na sua segunda semana como líder do Executivo.
Questões como as suas controversas novas políticas de imigração poderão sobrepor-se às palavras da Presidente da Fed, Janet Yellen.
Na sexta-feira, Trump ordenou uma proibição de 120 dias da entrada de refugiados no país, uma proibição sem termo definido da entrada de refugiados da Síria e uma proibição de 90 dias dos cidadãos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Yemen.
Estas decisões assustaram os investidores, criando confusão e raiva após imigrantes e refugiados terem sido impedidos de entrar em voos e ficado retidos em aeroportos. Estas decisões de Trump causaram uma onde de críticas internacionais, de grupos de activistas de direitos civis e desafios legais.
* Assim, o Presidente dos Estados Unidos Donald Trump está esta semana de novo no centro das atenções, com quaisquer declarações e indicações sobre futuras políticas económicas escrutinadas, após ter posto a Reserva Federal, o Banco de Inglaterra e outros bancos centrais em modo 'esperar para ver'.
Trump, que tomou posse como o 45to Presidente dos Estados Unidos a 20 de Janeiro, avançou rapidamente com uma agenda que inclui a construção de um muro na fronteira com o México, cortes de impostos e a reversão do Obamacare.
A Casa Branca também avançou com a ideia de impor uma taxa de 20 pct sobre os bens vindos do México para pagar o muro, levando a uma brusca depreciação do Peso e ao aprofundamento da crise entre os dois vizinhos.
Um aumento de políticas proteccionistas é o maior risco para a economia global, segundo uma poll da Reuters que agregou a visão de centenas de economistas no início deste mês.
Trump já saiu da Parceria Trans-Pacífico (TPP) e ameaçou renegociar ou até rasgar o NAFTA-Tratado de Comércio Livre do Atlântico Norte com o México e Canadá.
Em contraste, a expectativa que Trump avance com corajosos estímulos e medidas inflacionárias inflacionou os 'yields' das Treasuries a 10 anos, tem apoiado o dólar e levou o Dow Jones acima da marca dos 20.000 pontos pela primeira vez.
* A Reserva Federal reúne na quarta feira e é esperado que as taxas se mantenham nos actuais 0,5-0,75 pct até ao segundo trimestre.
No mês passado a Fed adicionou adicionou 25 pontos base aos custos de financiamento, apenas a segunda subida desde a Grande Recessão e um ano após a primeira subida. Nessa anterior reunião a Fed sinalizou que poderá avançar com três subidas em 2017.
* Dados relativos ao emprego nos EUA - 'non-farm payrolls' divulgados na sexta-feira poderão ser importantes para as expectativas do 'timing' da próxima subida de taxas.
* É esperado que dados preliminares da inflação na zona euro, divulgados quarta feira, mostrem que esta tenha aumentado 1,5 pct em Janeiro, ainda distante do alvo próximo mas inferior a 2 pct. (Por Daniel Alvarenga)