LISBOA, 14 Nov (Reuters) - A área do euro está hoje melhor equipada para lidar com crises, mas a união bancária está incompleta e perfilam-se no horizonte perturbações do sistema financeiro nas áreas do 'shadow banking', branqueamento de capitais e no mundo ainda desregulado das FinTechs, disse o governador do Banco de Portugal.
Acrescentou que é "sempre difícil antecipar de onde vão surgir novos elementos de perturbação da estabilidade" financeira.
"(Mas) alguns (novos elementos de perturbação) começam a perfilar-se no horizonte, seja no shadow banking, nas áreas do branqueamento de capitais ou no mundo ainda desregulado das FinTechs e do desenvolvimento digital", alertou Carlos Costa, num discurso durante uma visita ao Bank Al-Maghrib, divulgado hoje no site do banco central.
Adiantou que o "facto de alguns grandes bancos 'tradicionais', sujeitos a regulação intensa, valerem hoje menos em bolsa do que algumas FinTechs dá uma ideia das novas potenciais fontes de risco".
Carlos Costa realçou que, embora se possa afirmar que "na área do euro estamos hoje mais bem equipados para dar resposta a crises futuras, subsistem ainda riscos devido à incompletude da União Bancária".
"Hoje, decisões de supervisão e resolução são, na sua maioria, europeias enquanto o garante último da estabilidade financeira permanece nacional, com ferramentas limitadas para agir", afirmou o governador do banco central.
"O que está em causa é crítico, não só no plano económico e financeiro, mas também no plano político", vincou Carlos Costa.
Adiantou que "o populismo e a resistência ao processo de integração europeia tendem a variar na razão inversa da confiança na segurança das poupanças aplicadas em depósitos".
"Um mecanismo europeu de garantia de depósitos e o apetrechamento das autoridades europeias e nacionais para garantir a estabilidade dos sistemas financeiros nacionais, regionais e europeu são hoje o fator crítico e decisivo da aceitação pública do processo de integração europeia".
Afirmou que "uma atitude de estadista por parte de quem defende a integração europeia pressupõe uma compreensão do problema e uma ação imediata para a criação das condições de construção dos pilares do edifício que ambicionamos: uma União Europeia inclusiva e difusora de prosperidade". (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)