Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 2 Nov (Reuters) - O lucro do Santander Totta, do espanhol Santander SAN.MC , aumentou 66,2 pct para 293,7 milhões de euros (ME) nos primeiros nove meses de 2016, apoiado no disparo da margem financeira, anunciou o banco, que continua a integrar as operações do ex-Banif com sucesso.
A margem financeira, diferenças entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos, subiu 31,4 pct para 548,5 ME.
O Chief Executive Officer (CEO), António Vieira Monteiro, disse, em conferência de Imprensa, que o ex-Banif está a contribuir com 1 ME de lucro por mês, estando a integração do banco numa fase inicial.
"A integração (...) tem sucedido com sucesso. Na última semana terminámos a integração informática do Banif. Tudo o que era activos e passivos do ex-banif estão hoje totalmente integrados", disse o CEO.
"O Banif representa no nosso resultado 1 ME de lucro por mês. É evidente quando se integra actividade nova, não é em nove meses que se põe tudo a funcionar a 100 pct. Leva algum tempo".
O Santander Totta comprou a actividade do Banif por 150 ME em Dezembro de 2015, no âmbito da resolução anunciada pelo Banco de Portugal e Governo, que envolveu o apoio directo de 2.255 ME de fundos públicos.
O crédito concedido cresceu 0,1 pct no trimestre, quando ajustado de vendas de créditos. "Esta dinâmica reflete os elevados ritmos de nova produção, tanto em particulares como em empresas", referiu o banco, em comunicado.
Os depósitos ascenderam a 27.900 ME, subindo 7,3 pct desde o início do ano. "É um crescimento bastante grande que mostra a confiança que o público tem no Santander Totta", disse o CEO, António Vieira Monteiro.
RÁCIO FORTE
O rácio CET 1 fixou-se em 15,8 pct, mais 0,1 pontos percentuais que há um ano atrás, e o rácio CET 1 'fully implemented' em 15 pct.
"É o melhor rácio core tier 1 da banca portuguesa", disse António Vieira Monteiro. O banco referiu que tal é "fruto da capacidade de geração interna de capital, e apesar do impacto negativo da aquisição dos activos e passivos do ex-Banif".
O financiamento líquido junto ao eurosistema caiu para metade, fixando-se em 1.700 ME nos primeiros nove meses de 2016.
"O banco tem uma sólida posição de capital? Tem. Temos uma posição muito confortável de liquidez? Sim. Apoiamos as famílias sociedades e empresas? Sim", disse António Vieira Monteiro.
As comissões líquidas subiram 18,6 pct para 237,6 ME e o produto bancário 21,2 pct para 899 ME. Os custos operacionais cresceram 11,1 pct para 394,5 ME.
O rácio de crédito vencido há mais de 90 dias diminuiu 0,86 pontos percentuais para 3,63 pct. O resultado do banco representa uma rentabilidade dos capitais próprios - ROE - de 10,9 pct.
O banco sublinhou que continuou o processo de desalavancagem, diminuindo o rácio de crédito sobre depósitos para 109 pct, de 115 pct há um ano.
A quota de mercado de produção de crédito às empresas aumentou 1,9 pontos percentuais (pp) para 16,9 pct entre Janeiro e Agosto deste ano. A quota de 'stock' aumentou 3,9 pp para 13,3 pct. No crédito à habitação, a quota de produção de crédito subiu 1,4 pp para 18,6 pct.
"Assistimos à continuação do movimento de (subida) de quotas de mercado em praticamente todos os segmentos de mercado, particularmente na quota de crédito a empresa e em termos de PMEs (Pequenas e Médias Empresas)", disse Manuel Preto, Chief Financial Officer do Santander Totta.
RISCO CONTIDO
O CEO do Santander Totta sublinhou que os mercados de dívida soberana estão calmos e elogiou as metas inscritas nos Orçamento de Estado de 2017.
"Na dívida pública, o mercado está calmo", disse.
O 'benchmark' de risco soberano de Portugal, os juros das obrigações do tesouro a 10 anos seguem a cair 7 pontos base para 3,29 pct, em níveis relativamente contidos e distantes do máximo de Outubro de 3,6 pct, após a DBRS ter mantido a República em grau de investimento.
"Os dados do défice são elementos importantes para que no futuro se possa aceder ao mercado sem problemas", vincou o CEO do Santander Totta.
Para 2017, o Governo quer reduzir o défice para 1,6 pct do Produto Interno Bruto (PIB), com a economia a acelerar o crescimento três décimas para 1,5 pct no próximo ano, segundo a proposta de OE, que vai aumentar pensões e continuar a aliviar a sobretaxa de IRS, mas agrava impostos indirectos.
"Do ponto de vista orçamental, os números que nos são apresentados são positivos, mas no futuro é fundamental que o país cresça, que as nossas exportações aumentem. É isso que vai solidificar a posição do país e permitir que amanhã possam haver baixas de impostos", concluiu António Vieira Monteiro. (Editado por Sérgio Gonçalves)