Por Sergio Goncalves
LISBOA, 13 Dez (Reuters) - O processo de venda do Novo Banco está na recta final e há três concorrentes a liderarem a corrida: o China Minsheng, que quer uma posição maioritária e depois um IPO da parcela restante, o fundo americano Apollo APO.N aliado à Centerbridge, que querem a totalidade do capital, tal como a Lone Star, segundo fontes.
Uma fonte conhecedora das negociações para a venda deste banco de transição disse que, "desde que se iniciou este segundo processo de alienação, as propostas foram melhoradas", adiantando que "os concorrentes sabem que o prazo indicativo para a escolha é até ao fim do ano".
"Os três concorrentes que estão mais avançados, ou à frente, na corrida são o Minsheng, a Apollo/Centerbridge e a Lone Star. Estes são os concorrentes que mostraram maior compromisso, mais interesse e têm propostas mais robustas", adiantou esta fonte.
"Contudo, formalmente o BPI e o Millennium bcp não estão fora da corrida, apesar de não terem mostrado tanto interesse. A decisão deverá ser tomada lá mesmo para o final do ano".
NÃO FECHADO
Outra fonte também conhecedora da alienação deste 'good bank' referiu que "o processo ainda não está fechado e apenas será concluído se e quando for escolhido o comprador".
"Até lá, os concorrentes podem em qualquer altura melhorar ainda mais os 'bids', apesar de já haver propostas financeiras", afirmou esta fonte.
Explicou que, "por exemplo, um dos 'items' onde pode haver melhorias é em menores exigências de garantias públicas para eventuais contingências futuras".
"O 'envelope' financeiro não é só aquilo que o Fundo de Resolução poderia receber, mas sobretudo e mais importante é a injeção de capital que os candidatos se propôem fazer no Novo Banco", disse esta fonte.
Acrescentou que, "entretanto, seguir-se-ão as informações/consultas ao Banco Central Europeu (BCE), à Comissão Europeia e também ao Governo português".
"Há que avaliar as propostas financeiras, aquilo que resultará no reforço das condições de capital do banco, mas também operacionais - o projecto", afirmou a primeira fonte.
Fonte oficial do BP disse que o banco central não comenta.
Na sequência da derrocada do GES, a Apollo comprou a seguradora Tranquilidade em Janeiro de 2015 e após a 'resolução' do Banif adquiriu a Açoreana Seguros em Maio de 2016.
Em Agosto de 2015, a 'private equity' Lone Star adquiriu os quatro centros comerciais Dolce Vita que o espanhol Chamartín Imobiliária tinha em Portugal.
MINSHENG 'CORNERSTONE'
A segunda fonte afirmou que "a Apollo com a Centerbridge e a Lone Star têm propostas para a totalidade do capital e querem ser investidores estratégicos, enquanto o Minsheng é um caso diferente pois é um 'cornerstone investor'".
"O Minsheng propõe ficar com a maioria das acções agora, injectar capital no Novo Banco", disse.
"Daqui por alguns anos, com o banco capitalizado, reestruturado e com resultados visíveis, haveria um IPO (Initial Public Offering), em que o Fundo de Resolução venderia a sua posição minoritária", afirmou.
Em 4 de Novembro, o BP anunciou que, nesta segunda tentativa de venda, havia cinco pretendentes à compra deste banco que surgiu dos escombros do colapsado Banco Espírito Santo (BES), que foi alvo de uma resolução em Agosto de 2014. banco central não identificou os candidatos, mas fontes financeiras disseram então à Reuters que o BPI BBPI.LS , o fundo norte-americano Apollo APO.N aliado à 'private equity' Centerbridge, e a 'private equity' Lone Star apresentaram propostas, no procedimento e venda a um investidor estratégico.
A 6 de Outubro, em entrevista à Reuters, o secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e Finanças, disse que a alienação do Novo Banco estava a atrair novos interessados, além dos candidatos iniciais, incluindo o China Minsheng Financial 0245.HK . que o interesse do Minsheng não era necessariamente pela totalidade do capital e era feito no âmbito do procedimento de venda em mercado, lembrando que desde o início o BP - que é a Autoridade de Resolução - previu que a venda em mercado decorresse em paralelo com a venda estratégica.
A segunda fonte disse que "o Novo Banco vai continuar como banco autónomo, deixar de ser banco de transição", controlado pelo Fundo de Resolução, cujos participantes são as instituições financeiras que fazem contribuições.
Aquando da resolução do BES foi injectado 4.900 milhões de euros (ME) no capital do Novo Banco, tendo o Tesouro concedido um empréstimo de 3.900 ME ao Fundo de Resolução.
Em finais de Setembro, o Governo anunciou que a maturidade dos empréstimos ao Fundo de Resolução seria estendido o tempo que fosse necessário para garantir que os bancos mantêm as actuais contribuições, sem terem de ser penalizados caso a venda do Novo Banco fosse inferior ao capital injectado.
"Independentemente do valor que o Fundo de Resolução receba agora, não haverá qualquer impacto nos outros bancos. Isso já foi blindado pela legislação recente", disse a segunda fonte.
O Novo Banco teve o seu primeiro lucro trimestral desde a sua criação em Agosto de 2014, atingindo um lucro de 3,7 ME no terceiro trimestre de 2016. a sua origem em 2014 teve sempre resultados trimestrais negativos superiores a 250 ME e no primeiro trimestre de 2016 teve um prejuízo de 249,4 ME e no segundo trimestre teve um prejuízo de 113,3 ME.
O rácio de capital Common Equity Tier 1 (CET1) estimado para 30 de Setembro de 2016 fixou-se em 12,3 pct, o que representa uma melhoria de 30 basis points (bp) face a Junho de 2016. (Editado por Patrícia Vicente Rua)