Investing.com – A ronda de negociações entre o primeiro-ministro e Paulo Portas, o ministro dos Negócios Estrangeiros que pediu a demissão, parece ter suavizado o clima de incerteza entre os investidores, num sinal de que o cenário de um segundo resgate poderá ser evitado.
Paulo Portas foi mandatado pela direção do CDS para encontrar com o parceiro de coligação Pedro Passos Coelho um caminho viável que resolva o impasse criado com pedido de demissão supostamente “irrevogável.”
Desconhece-se o desfecho desta tempestade política, mas enquanto se mantém o suspense os mercados europeus corrigem o ciclo de perdas agravadas nas últimas sessões.
Na bolsa de Lisboa, em pleno olho do furacão, o PSI 20 reforçou os ganhos conseguidos ao início da jornada, valorizando 3.73% para os 5.431,60 pontos, com 18 cotadas em alta e apenas duas em baixa.
O setor da banca, que tem pressionado fortemente o principal índice da praça lisboeta, aliviou e figura entre os melhores desempenhos da jornada. Só o BES valorizou 11.01% para os 0,605 euros por ação. Os títulos do Banif e do BCP também dispararam 10.13% e 9.88% para os 0,087 euros e 0,089 euros respetivamente.
Também os títulos do BPI dispararam 7.76% para os 0,889 euros. A puxar pela praça lisboeta estiveram ainda as ações da Sonae Indústria e Sonae a apreciar 5.56% e 5.42% para os 0,475 e 0,7 euros.
As ações da Sonaecom, por outro lado, dispararam 5,07% para os 1.534 euros.
Em destaque pela negativa estão a Altri e o Espírito Santo Financial Group, com quedas de 0,81% e 0,34% para os 1.71 euros e 5.2 euros respetivamente.
A bolsa de Lisboa ganhou um novo fôlego, à semelhança do que aconteceu com as congéneres europeias, animadas também pelo encerramento em terreno positivo das bolsas asiáticas.
Mais determinantes ainda parecem ter sido as palavras de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu. Esta quinta-feira, Draghi afastou a perspetiva de uma subida nas taxas de juro de referência durante um “extenso período de tempo”, garantindo que a política monetária continuará flexível enquanto for necessário.
Sem surpresas, o conselho de Governadores do BCE decidiu não mexer nas taxas de juros usadas nas operações. A principal taxa de refinanciamento mantem-se no mínimo histórico de 0,5%. Já a taxa marginal de financiamento e a taxa marginal de depósito continuam nos 1% e 0% respetivamente.
Na sequência das palavras de Draghi, os juros da dívida soberana de Portugal desciam ligeiramente a cinco e a 10 anos. Na maturidade a 10 anos estavam a transacionar nos 7,272%, no mercado secundário. Na quarta-feira, os juros da dívida fecharam nos 7,465%, depois de terem superado os 8% durante a sessão. A cinco anos também era notória a tendência de queda, para os 6,570%. Já no prazo mais curto, a dois anos, os juros subiam ligeiramente para 5,370%, às 16h00.
Entre as notícias vindas de Portugal e as palavras de Draghi, a instabilidade política que se faz sentir no Egito parece não ter tido grande impacto no velho continente.
O índice Eurostoxx 50 terminou o dia a subir 2.95% para os 2.646,54 pontos. O índice italiano destacou-se com um avanço de 3.44%, seguido pelo Footsie londrino a apreciar 3.08%. O CAC 40 francês ganhou 2.90% e o DAX alemão 2.11%.
Em dia de leilão de dívida o espanhol IBEX também terminou em terreno positivo, a valorizar 3,07%. O Tesouro espanhol conseguiu a totalidade dos quatro mil milhões de euros pretendidos mas pagou taxas mais elevadas, resultado da instabilidade governativa em Portugal e dos receios face aos estímulos monetários da Reserva Federal dos Estados Unidos.