Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 10 Set (Reuters) - O dólar terminou em baixa pelo terceiro pregão consecutivo, abaixo de 4,10 reais, num movimento de ajuste ao cenário político após o atentado sofrido na quinta-feira pelo candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, que levou os investidores a avaliarem que a esquerda perderia fôlego nas eleições.
O dólar BRBY recuou 0,26 por cento, a 4,0935 reais na venda, acumulando, nas três sessões seguidas de baixa, 1,44 por cento. Na mínima, a moeda marcou 4,0520 reais, na abertura, e na máxima, 4,1283 reais. O dólar futuro DOLc1 subia cerca de 0,80 por cento.
"O atentado...alimentou animador desempenho dos ativos locais...tendo como leitura majoritária o potencial fortalecimento de candidatos de centro-direita/direita(especialmente o próprio Bolsonaro) nas eleições do próximo dia 7 de outubro", explicou mais cedo a H.Commcor Corretora em relatório, chamando atenção para pesquisa encomendada pelo BTG e divulgada nesta segunda-feira.
Pelo levantamento, Bolsonaro ampliou a liderança após o atentado, com 30 por cento das intenções de voto, de 26 por cento na semana passada. Após levar uma facada na quinta-feira, o candidato, que permanece internado em São Paulo, disse no Twitter que logo estará 100 por cento e que não dará o "gosto" de ficar fora do pleito para aqueles que desejam isso. síntese, e tendo como base essa pesquisa, Bolsonaro segue ganhando terreno, o que pode ter sido potencializado pelo atentado ou não (pode ter sido coincidência), mas de todo modo tende a embasar o bom humor no mercado", completou a H.Commcor Corretora.
O mercado avalia os candidatos de esquerda como mais propensos ao aumento de gastos e a dívida pública, e agora aguarda outros levantamentos para ajustar suas posições, entre eles o do Datafolha, esperado para após o fechamento do mercado nesta segunda-feira, e o Ibope, na terça-feira à noite.
Boletim médico divulgado nesta segunda-feira pelo hospital Albert Einstein informou que Bolsonaro segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ainda está em estado grave. Este foi o primeiro boletim médico a apontar o estado de saúde de Bolsonaro como "grave", em uma mudança de tom com relação ao boletim da manhã de domingo, que falava em "nítida melhora clínica e laboratorial". o atentado tenha dado maior visibilidade a Bolsonaro e possa impulsionar sua candidatura, analistas e economistas avaliam que o quadro ainda segue bastante incerto, o que justifica a cautela dos agentes. Por essa razão, muitos dos investidores que venderam moeda na quinta-feira compraram de volta nesta sessão, impedindo que o tombo da abertura se mantivesse.
Além do cenário eleitoral, os investidores ainda monitoraram os efeitos da guerra comercial depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou que está pronto para seguir adiante e aplicar tarifas sobre mais 267 bilhões de dólares, além dos 200 bilhões de dólares sobre bens do país asiático que devem ser taxados nos próximos dias. dólar operava em baixa ante uma cesta de moedas .DXY , mas operava misto ante divisas emergentes.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 2,725 bilhões de dólares do total de 9,801 bilhões de dólares que vence em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral. (Edição de Camila Moreira e Iuri Dantas)