(Acrescenta citações do CEO)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 9 Nov (Reuters) - O Millennium bcp BCP.LS teve um prejuízo de 251 milhões de euros (ME) nos primeiros nove meses de 2016, face a um lucro de 264,5 ME no período homólogo, com fortes imparidades de crédito malparado para limpar o balanço, anunciou o banco, cujos rácios de capital se deterioraram.
A pesarem, as imparidades de crédito dispararam 49,7 pct em termos homólogos para 816,7 ME nos primeiros nove meses de 2016, com o custo do risco em 270 pontos base (pb), de 172 pb no período homólogo.
"Achamos realmente que este ano é absolutamente extraordinário relativo a (estas elevadas) imparidades (...) o resultado líquido sem itens não habituais melhora, atingindo 74,5 ME versus 6,5 ME no mesmo período de 2015", disse o Chief Executive Officer (CEO), Nuno Amado.
"Mantemos os objectivos para 2018, não obstante este ano de 2016 termos estes efeitos não habituais relacionados com imparidades. Estamos apostados em cumprir os objectivos", frisou.
Entre os objectivos, está alcançar em 2018 um Return on Equity (ROE) superior a 11 pct, contra um valor negativo de 7,7 pct no final de Setembro de 2016 e face aos 8,1 pct há um ano atrás.
Nuno Amado vincou que houve uma "melhoria do resultado sem itens não habituais em 67,9 ME, da eficiência em 3 pontos percentuais (pp) e da estrutura do balanço, com aumento da cobertura total dos Non Performing Exposures (NPEs) para 99 pct".
Explicou que tal foi feito "num ano muito condicionado por dotações não habituais para imparidades relacionadas com a carteira legacy, com o objetivo de reforçar as coberturas para crédito".
O CEO adiantou que o resultado core - margem financeira mais comissões menos custos operacionais - aumentou 8,4 pct para 665,8 ME , traduzindo-se na melhoria do 'cost to core income' para 52 pct, com o 'cost to income' a cifrar-se em 46 pct.
Pela positiva, a margem financeira, diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos, subiu 3,5 pct para 907 ME.
O rácio 'Common Equity Tier 1' (CET) 'fully implemented' do banco deteriorou-se nos últimos 12 meses, fixando-se em 9,5 pct em Setembro de 2016, de 10 pct há um ano atrás, sendo o objectivo que atinja mais de 11 pct em 2018.
O banco disse que vê "o capital em níveis adequados".
"Queremos que o rácio (CET1) melhore a prazo, mas compara muito bem com o rácio médio de outros países", disse o Chief Executive Officer (CEO), Nuno Amado.
Quanto aos Cocos-Convertible Bonds que usou para se recapitalizar, Nuno Amado reiterou: "estamos a trabalhar para pagar algo este ano. O nosso plano tem por objectivo pagar a totalidade dos Cocos antes da data prevista (Junho de 2017)".
O CEO não quis comentar se a Sonangol terá pedido autorização ao Banco Central Europeu (BCE) para aumentar a sua participação para acima da fasquia de 20 pct. A oil estatal angolana tem cerca de 19 pct.
Quanto ao processo de venda do 'good bank' Novo Banco, que o Banco de Portugal disse ter recebido cinco propostas, Nuno Amado disse: "a nossa posição vai em continuidade da primeira proposta (que fizemos) e não evoluímos nada porque consideramos que o que apresentámos nessa altura é o que faz sentido apresentar".
"Mantivemos a nossa manifestação de interesse com um determinado perfil. Não mudámos. Nada nos obriga a mudar. Quem avalia o que recebe não somos nós".
(Por Sérgio Gonçalves; Escrito por Daniel Alvarenga; Editado por Patrícia Vicente Rua)