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Por Sergio Goncalves
LISBOA, 17 Dez (Reuters) - O Banco de Portugal (BP) está mais pessimista que o Governo e vê a economia portuguesa crescer apenas 1,7% em 2020, desacelerando face aos 2% de 2019, com um crescimento mais fraco das exportações dadas as incertezas do comércio internacional.
No Boletim Económico de Dezembro, o banco central afirmou que "o enquadramento externo da economia portuguesa tornou-se menos favorável em 2019", salientando que há "incerteza em torno desta recuperação, em particular do comércio mundial".
Ontem, o Governo anunciou a sua proposta de Orçamento para 2020, vendo o PIB a crescer 1,9% no próximo ano, que vai sustentar o primeiro excedente em 45 anos de democracia. banco central projecta que o PIB crescerá 1,6% em 2021 e 2022.
"O crescimento da atividade económica em Portugal no horizonte de projeção (até 2022) será sustentado no dinamismo da procura interna e, em menor grau, das exportações", disse.
Contudo, "o contributo da procura interna para o crescimento será progressivamente menor, projetando-se uma desaceleração moderada do consumo privado – em linha com o rendimento disponível – e do investimento, que mantém, no entanto, um crescimento forte".
Estima que "as exportações deverão crescer em torno de 2,8% no período 2019-22".
"Este crescimento é inferior ao observado em média nos anos mais recentes, o que reflete uma procura externa mais fraca e ganhos de quota de mercado de magnitude inferior", avisou.
Afirmou que os principais factores de risco para a atividade económica em Portugal seriam um novo aumento das barreiras comerciais ou a transmissão da fraqueza recente da indústria a nível global aos restantes sectores de atividade.
Explicou que a evolução da procura interna e externa tem como contrapartida um crescimento das importações superior ao das exportações, "implicando um aumento do défice da balança de bens e serviços ao longo do horizonte de projeção".
Mas, o saldo da balança corrente e de capital deverá manter-se excedentário em média no horizonte de projeção - em 0,5% do PIB, o que compara com 1,7% no período 2014-2018 - para o que contribui a evolução favorável das balanças de rendimentos e de capital".
O emprego é visto continuar a crescer, "mas a um ritmo progressivamente menor".
Vê a taxa de desemprego em 5,9% em 2020, contra 6,3% em 2019, apontando para um nível historicamente baixo de 5,6% em 2021 e 2022. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony e Patrícia Vicente Rua)