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Por Sergio Goncalves
LISBOA, 11 Fev (Reuters) - A Procuradoria Geral da República (PGR) de Portugal disse que requereu o arresto das contas bancárias da multi-milionária angolana Isabel dos Santos, que é suspeita de fraude em Angola, no âmbito da cooperação com as autoridades judiciárias angolanas.
O procurador-geral de Angola disse no mês passado que o país estava a pensar pedir às autoridades portuguesas que confisquem bens pertencentes a Isabel dos Santos, após um tribunal angolano ter arrestado contas bancárias e participações em empresas angolanas. Ministério Público requereu o arresto de contas bancárias (de Isabel dos Santos) no âmbito de pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades angolanas", disse uma porta-voz da PGR.
Até ao momento, não foi possível obter um comentário por parte da empresária Isabel dos Santos.
Uma fonte banária conhecedora do processo referiu que o arresto das contas da ex-filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos se iniciou na semana passada, tendo, pelo menos, já visado as do maior banco privado português Millennium bcp BCP.LS e do pequeno banco EuroBic.
Outra fonte afirmou que foram arrestadas "as contas bancárias das empresas e pessoais de Isabel dos Santos".
Os porta-vozes do Banco de Portugal, do Millennium bcp e do EuroBic não comentam.
O banco espanhol Abanca disse nesta segunda-feira que concordou em comprar 95% das ações da EuroBic de Portugal, na qual Isabel dos Santos está tentando vender uma participação de 42,5%. A aquisição inclui uma participação de 37,5% na EuroBic pertencente a Fernando Teles, ex-presidente do Banco BIC Português, como o banco era conhecido anteriormente.
Isabel dos Santos também está a vender a posição de 65% que tem na empresa de engenharia portuguesa Efacec. A empresária angolana ainda detém participações indirectas em várias empresas portuguesas importantes, como a petrolífera Galp Energia GALP.LS e a empresa de telecomunicações NOS NOS.LS .
Em Angola, a PGR constitui Isabel dos Santos - filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos -, o seu marido, o congolês Sindika Dokolo e o gestor português Mário Leite da Silva arguidos por suspeitas de má gestão e desvio de fundos no decurso da passagem dela pela petrolífera estatal Sonangol.
O tribunal de Luanda alega que os três lesaram o Estado em mais de 1.000 milhões de dólares. Isabel dos Santos e Sindika Dokolo negaram qualquer má conduta.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony e Victoria Waldersee)