(Acrescenta citação ministro Infraestruturas)
Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA, 30 Jun (Reuters) - O Governo está a negociar com os accionistas privados da TAP-Air Portugal uma solução viável para a companhia de bandeira nacional, mas está pronto para todos os cenários e não cederá, disse o ministro das Infraestruturas, após notícias de que decidiu renacionalizar a empresa.
Numa comissão no Parlamento, Pedro Nuno Santos adiantou: "ainda vamos submeter uma proposta ao nosso sócio privado, espero seja aceite... ou então aceite uma proposta que seja uma saída acordada".
"Neste momento, estamos preparados para tudo, nós não vamos ceder", afirmou o ministro.
"Se o privado não aceitar as condições do Estado português, nós temos de intervencionar (a TAP), nacionalizar", afirmou.
O semanário Expresso hoje no seu website disse que o Governo vai submeter um decreto ao presidente do país para nacionalizar a companhia aérea de bandeira TAP, mas o ministro não confirmou, nem negou que já haja decisão sobre uma nacionalização.
A TAP disse que não tinha conhecimento.
"Faremos uma intervenção mais assertiva na empresa se o accionista privado continuar a não aceitar as nossas condições", disse Pedro Nuno Santos.
Adiantou que o Governo está "disponível para salvar a TAP mas o povo português, através do seu representante que é o Estado, quer assegurar um conjunto de condições mínimas, razoáveis".
Disse que ontem o Estado, que detém 50% da TAP, propôs à Atlantic Gateway, um consórcio privado liderado por David Neeleman que detém 45%, um conjunto de condições para haver um empréstimo de resgate de 1,2 mil milhões de euros do Estado, mas a proposta foi chumbada na Administração pelos privados.
O ministro realçou a importância da TAP para a economia de Portugal, que só tem fronteira terrestre com Espanha, pois "quase 90% dos turistas que chegam a Portugal vêm por via aérea e metade desses chegam pela TAP".
"Seria um desastre do ponto de vista económico e social o país perder a TAP. Nós não nos podemos dar ao luxo deixar cair a TAP", disse Pedro Nuno Santos.
Afirmou que a TAP tem de se reestruturar, independentemente da decisão da Comissão Europeia, que já deu o 'OK' para o Estado fazer aquele empréstimo à companhia.
Os prejuízos da TAP-Air Portugal dispararam para 395 milhões de euros (ME) nos três meses de 2020, contra 106,6 ME há um ano, com uma forte queda de passageiros em Março após os 'lockdowns' do país e exterior devido à pandemia do coronavirus.
A TAP tem quase toda a sua frota de 107 aviões 'no chão' e 90% dos seus mais de 10.000 trabalhadores em 'lay off' desde 2 de Abril e quer mantê-los nesta situação até ao fim de Julho.
Em abril, a TAP pediu ajuda pois a empresa, que normalmente opera cerca de 2.500 voos por semana, foi forçada a suspender quase todos, porque a procura por viagens caiu com a pandemia de coronavírus. final de Março, a dívida financeira líquida ascendia a 1.126,6 ME versus 932 ME em Dezembro de 2019.
A TAP foi parcialmente privatizada em 2015.
(Por Sérgio Gonçalves e Catarina Demony; reportagem adicional de Victoria Waldersee; Editado por Patrícia Vicente Rua)