FRANKFURT, 20 Out (Reuters) - Os bancos da zona euro devem parar de culpar os reguladores e os bancos centrais pela sua situação e aceitar que não têm direito a um ambiente de negócios confortável automaticamente, disse nesta quarta-feira o membro do conselho do Bundesbank Andreas Dombret.
Os bancos da zona do euro estão a lutar com a diminuição dos lucros e aperto das margens dadas as taxas baixas, concorrência intensa, modelos de negócio obsoletos e o elevado stock de maus activos estão a ter impacto nos seus balanços.
Os bancos e os políticos têm frequentemente culpado as taxas negativas do Banco Central Europeu para o seu 'stress', mas Dombret contrariou esta posição, alertando até os críticos para não interferirem na independência do banco central.
"À luz desta crítica, pode estar na hora de lembrar amigavelmente que a independência do banco central não é discutível", disse Dombret numa conferência em Londres.
"Pôr a independência do banco central em causa, ainda que apenas implicitamente, pode confundir os mercados, bem como o público sobre quem tem é o responsável quando se trata de política monetária e decisões de supervisão", acrescenteu.
Dombret, um especialista de topo do banco central alemão, disse que os supervisores ouvirão as preocupações e não devem regular mais do que o necessário, mas não retrocederão apenas porque os bancos estão a lutar para se ajustarem.
"Afinal de contas, os contribuintes não tiveram um 'passeio fácil' com os bancos nos anos que seguintes a 2007, também", disse, referindo-se aos resgates dos contribuinte a inúmeros bancos.
Em vez disso, os bancos devem acostumar-se às taxas baixas e corrigir os seus negócios para que possam restaurar a confiança dos investidores, e competir, mesmo num ambiente de taxas baixas", afirmou Dombret.
"Não é a tarefa dos bancos centrais, reguladores ou políticos evitar ou resolver situações difíceis para o sector bancário", acrescentou.
"Para ser franco, ninguém pode esperar um ambiente confortável para a indústria financeira. Nem um certo nível de taxas de juro. Nem um certo ambiente de mercado. Nem um certo tipo ou grau de regulamentação". (Reportagem de Balazs Koranyi; Traduzido para português por Sérgio Gonçalves; Editado em português por Shrikesh Laxmidas)