Por Sergio Goncalves e Victoria Waldersee
LISBOA, 2 Abr (Reuters) - O Parlamento português deu 'luz verde' à extensão do estado de emergência mais 15 dias, após o primeiro-ministro avisar que é "imprescindível" para combater o surto de coronavírus, prometendo que imporá apenas medidas estritamente necessárias.
O 'Ok' do Parlamento, que é condição para o presidente Marcelo Rebelo de Sousa decretar a extensão da emergência até 17 de Abril, foi dado pela larga maioria de deputados, desde os socialista, sociais-democratas, aos bloquistas e aos do partido PAN. Apenas o deputado da Iniciativa Liberal votou contra, enquanto os restantes deputados se abestiveram.
"Se há 15 dias era necessário decretar o estado emergência, hoje é absolutamente inprescindível alargá-lo...as medidas são as estritamente necessárias", disse o primeiro ministro António Costa no debate parlamentar.
Alertou que, apesar dos portugueses estarem a fazer um esforço de confinamento que tem dado frutos na contenção do vírus, não podem ceder à fadiga do confinamento, em especial no período da Páscoa em que há tradicionalemte deslocações no país.
"Apesar dos esforços dos portugueses, ainda é cedo para qualquer um de nós antever a luz ao fundo do túnel...há mais vida para viver(após a pandemia), mas temos de chegar lá vivos".
Contudo, o Partido Comunista Português (PCP) disse que, a coberto das actuais medidas de excepção, estão a ocorrer "despedimentos abusivos, sem qualquer fundamentação legal e em alguns casos com recurso à coação".
"Precisamos que se ponha fim, com firmeza, à leia da selva que começa a abater-se sobre a vida dos trabalhadores e do povo", disse o deputado comunista João Oliveira.
Até agora, o número de casos confirmados de coronavírus aumentou para 8.251, com 187 mortos, ou seja a crise sanitária não é tão preocupante como a de Espanha ou Itália.
O Governo anunciou em 18 de Março um pacote de 9.200 milhões de euros (ME), ou 4,3% do PIB anual português, para apoiar de imediato os trabalhadores e dar liquidez às empresas através de cortes de impostos e de contribuições para a segurança social, subsídios e garantias de estado a linhas de crédito.
Mas, o líder do maior partido da oposição, Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio avisou a banca que, "se apresentar em 2021 lucros avultados, esses lucros serão uma vergonha e uma ingratidão para com os portugueses".
"Se as empresas morrerem a banca morre com elas", afirmou.
Dadas as restrições impostas às pessoas e às empresas e o colapso das cadeias comerciais globais, Portugal encaminha-se para uma violenta recessão, prevendo o Banco de Portugal (BP) que o Produto Interno Bruto (PIB) se contraia entre 3,7% e 5,7% em 2020, face ao crescimento de 2,2% em 2019. Sérgio Gonçalves e Victoria Waldersee, Editado por Patrícia Vicente Rua)