LISBOA, 16 Nov (Reuters) - Portugal colocou 1.500 milhões de euros (ME) de Bilhetes do Tesouro (BT) a seis e 12 meses com as taxas praticamente estáveis face às últimas emissões comparáveis, apesar da forte subida dos 'yields' em mercado secundário e um dia após o país ter surpreendido os analistas com uma expansão da economia muito superior ao esperado no terceiro trimestre de 2016.
O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 250 ME de BT a seis meses e 1.250 ME a 12 meses. O montante indicativo era entre 1.250 ME e 1.500 ME.
No prazo mais curto, a taxa média ponderada (TMP) manteve-se em terreno negativo, fixando-se em -0,027 pct, de -0,033 pct num leilão em Setembro.
Já na maturidade a 12 meses, a TMP fixou-se em 0,005 pct, face à 'yield' média de 0,006 pct num leilão de maturidade a 11 meses, em Outubro.
A 'yield' 'benchmark' das obrigações portuguesas a 10 anos dispara hoje 18 pontos base para 3,7 pct no mercado secundário, em sintonia com os pares e em máximos desde Junho, logo a seguir ao voto a favor do Brexit, penalizada pelo 'sell off' geral do mercado de obrigações nas últimas sessões.
Alguns operadores também explicam a subida das 'yields' com a venda de dívida portuguesa de longo prazo, nas carteiras dos investidores, abrindo assim espaço para reentrarem numa eventual nova emissão, na próxima semana. investidores estão ainda a tentar compreender as implicações para a Europa da vitória de Donald Trump nas Presidenciais dos Estados Unidos. perspectiva de políticas expansionistas e mais inflação nos Estados Unidos, com maior investimento em infraestruturas e proteccionismo tem levado a uma subida geral dos 'yields' da dívida soberana. A inflação é vista como tradicional penalizadora da rentabilidade dos activos de taxa fixa.
Será importante perceber como o BCE vai reagir a esta incerteza e gerir o seu programa de compra de obrigações, cujos principais beneficiados têm sido os países da periferia.
A procura de BT no leilão a seis meses excedeu a oferta em 3,94 vezes contra 2 vezes no leilão anterior e a colocação a 12 meses registou um rácio bid-to-cover de 1,57 vezes, comparado com 1,9 vezes no leilão de dívida a 11 meses em Outubro.
No cenário macro do OE de 2017, Portugal prometeu reduzir o défice para 1,6 pct, de 2,4 pct este ano e vê o crescimento do PIB acelerar três décimas para 1,5 pct. A proposta de Orçamento de Estado prevê um aumento de pensões e alívio da sobretaxa de IRS, mas agrava impostos indirectos. os analistas foram surpreendidos pelo disparo da economia de Portugal no terceiro trimestre de 2016. O PIB expandiu 0,8 pct em cadeia com um forte aumento das exportações líquidas, tornando mais fácil ao Governo cumprir a meta orçamental este ano e abrindo melhores perspectivas para o crescimento em 2017. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Patrícia Vicente Rua)