Por Sergio Goncalves
LISBOA, 13 Out (Reuters) - O Governo prevê que o plano de reestruturação da TAP-Air Portugal seja enviado para aprovação da Comissão Europeia em Novembro, evitando que a companhia de bandeira em dificuldades tenha de reembolsar um avultado empréstimo de resgate ao Estado.
Como outras companhias aéreas, a TAP pediu ajuda estatal em Abril, depois do colapso da procura por viagens devido à pandemia do coronavírus a obrigar a suspender quase todos os seus 2.500 voos semanais. Junho, a Comissão Europeia aprovou um empréstimo do Estado português no montante de 1.200 milhões de euros para resgatar a TAP, mas as autoridades comprometeram-se a que a companhia aérea o reembolsaria no prazo de seis meses, se não apresentasse um plano de reestruturação nesse período.
O Orçamento de 2021, Portugal prevê mais uma garantia estatal para um novo empréstimo de 500 milhões de euros a conceder este ano.
O secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, disse que "o plano de reestruturação financeira e estratégica, que permitirá ter uma perspectiva sobre a sustentabilidade e competitividade da companhia num período relativamente longo", será concluído antes do 'deadline' imposto - meados do mês de dezembro.
"O plano de reestruturação está em elaboração, a expectativa é que esteja concluído mais cedo e possa vir a ser apresentado (a Bruxelas) ainda durante o mês de Novembro", disse em conferência de imprensa.
Disse que este plano está a ser elaborado num "contexto de elevada incerteza, em que as projecções foram sendo revistas para valores significativamente mais baixos, o que é transversal ao conjunto das companhias aéreas no mundo" devido à pandemia do coronavírus e às restrições ao tráfego aéreo a nível mundial.
"As últimas projeções apontam para uma recuperação (da operação do sector) para níveis pré-pandemia – só para algures 2024 e 2025", afirmou Miguel cruz.
A TAP teve um prejuízo de 582 milhões de euros no primeiro semestre de 2020 contra a um prejuízo de 112 milhões de euros no mesmo período do ano anterior.
A Boston Consulting Group (BCG) está a assessorar a TAP na elaboração deste plano.
No início de Julho, o Governo português selou um acordo de compra de participações de accionistas privados na TAP, assumindo uma posição de controlo de 72,5% contra 50% antes, evitando a sua nacionalização. ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse em entrevista à Reuters em Julho que a TAP dificilmente vingará sozinha no mercado global da aviação e tem de estar aberta a uma consolidação a médio prazo, com a entrada de outras companhias aéreas no seu capital. Nuno Santos disse então que "a TAP chegou a ser cobiçada por várias companhias aéreas muito importantes no quadro da aviação, nomeadamente a Lufthansa LHAG.DE , mas não foi a única". Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)