Por Sergio Goncalves
LISBOA, 7 Dez (Reuters) - Portugal vai ter em atenção a nova Rota da Seda chinesa em futuras concessões de gestão de portos, nomeadamente do porto de águas profundas de Sines, que é uma porta de entrada na Europa, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva.
Adiantou que "Portugal é um país europeu, que não se integra na nova Rota da Seda, mas coopera com a nova Rota da Seda, tendo em conta o seu interesse bilateral com a China e a estratégia europeia de conectividade Europa-Ásia".
Frisou que Sines "pode ser o ponto de encontro entre as rotas marítimas que vêm do Pacífico ou do Atlântico Sul e a rota terrestre, que tem hoje como exemplo de uma das suas principais expressões a ligação ferroviária de mercadorias entre a China e Madrid".
"Por isso, olhamos a Rota da Seda como oportunidade de desenvolver a rede de circulação Europa-Ásia. Sines pode ser a porta de entrada na Europa", disse em conferência de imprensa.
"Não se trata de acertar com o Estado chinês o desenvolvimento do porto de Sines ou o desenvolvimento do porto X ou da linha rodoviária Y. Não é assim que as coisas funcionam em Portugal", afirmou Augusto Santos Silva.
Explicou que se "trata de ter em atenção também estas rotas, nas decisões que nós tomamos de, por exemplo, o lancamento de concursos para a concessão da gestão de novos portos ou para o estabelecimento de nossas relações económicas e comerciais".
"Portugal coopera com a nova Rota da Seda nas regras próprias da sua economia e do seu Estado de direito".
Salientou que o "quadro é de economia de mercado, regras de protecção ambiental, social e laboral próprias de um país europeu; e respeito escrupuloso dos interesses de soberania nacional"
"Há, neste quadro, caminho para aprofundar as relações económicas com a China? A nossa resposta é sim", concluiu.
O porto de Sines é o maior porto artificial de Portugal, em águas profundas, com terminais especializados que permitem o movimento de diferentes tipos de mercadorias e de Transshipment.
Portugal e China assinaram anteontem um memorando de entendimento sobre cooperação no quadro da faixa económica e marítima da “Rota da Seda”, abrangendo diversos sectores ligados à conectividade e mobilidade eléctrica, segundo um documento oficial do Governo português. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)