LONDRES, 18 Fev (Reuters) - O presidente executivo da Galp Energia GALP.LS disse esta terça-feira que a participação conjunta na empresa petrolífera, detida em parte por Isabel dos Santos, não foi afectada pelas investigações judiciais sobre a alegada corrupção da multimilionária angolana.
No mês passado, Angola nomeou dos Santos como arguida por alegações de má gestão e apropriação indevida de fundos durante o seu mandato como presidente da empresa petrolífera estatal Sonangol.
A Procuradoria Geral da República de Portugal disse na semana passada ter ordenado o arresto das suas contas bancárias portuguesas depois do regulador de mercados do país ter dito que tinha lançado inquéritos às empresas nas quais ela detém participações.
"A senhora não é nossa accionista. O nosso accionista é a Amorim Energia, uma empresa totalmente familiar. Estamos bastante distantes dessa discussão, graças a Deus", disse o CEO Carlos Gomes da Silva à Reuters, à margem de uma apresentação para investidores, na terça-feira.
Numa parceria com a Sonangol e a rica família Amorim em Portugal, dos Santos comprou um terço da Galp em 2005, utilizando grandes quantidades de dívida comercial.
Da Silva disse que a Galp não foi afectada pelo congelamento das contas bancárias de dos Santos nem pelas investigações às suas parcerias com empresas portuguesas.
Acrescentou que não havia sinais de que a Sonangol assumisse o controlo total da participação de dos Santos e disse não haver planos para a Galp comprar participações na empresa angolana de energia numa privatização parcial prevista para ocorrer dentro de dois anos.
Dos Santos disse à Reuters, em entrevista no mês passado, que os esforços para dividir a participação conjunta que partilhou com a Sonangol na Galp Energia tinham sido prejudicados por um congelamento dos seus activos por Angola no final de 2019.
Dos Santos, a filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, que terminou o seu controlo de quase quatro décadas de poder em 2017, negou repetidamente qualquer acto ilícito.
Impulsionados pelos altos preços do petróleo na última década, as empresas angolanas compraram activos consideráveis em Portugal, tendo dos Santos adquirido participações em várias empresas portuguesas.
Texto integral em inglês: (Por Noah Browning; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)