LISBOA, 15 Mar (Reuters) - O prejuízo da cimenteira Cimpor CPR.LS , detida pela Camargo Correa, fixou-se nos 786 milhões de euros (ME) em 2016, face às perdas de 80 ME em 2015, pressionado por fortes imparidades de 'goodwill' no Brasil e por um tombo de 26 pct do volume de negócios, anunciou a empresa.
"A contração do mercado Brasileiro foi determinante, enquanto o mercado Argentino correspondeu ao ajuste esperado, e as exportações a partir de Portugal refletiram o efeito da descida dos preços das commodities no poder de compra dos clientes em África", explicou a Cimpor.
Nas rúbricas de amortizações, provisões e imparidades, a evolução foi marcada pelo registo de imparidades no 'goodwill', de 584 ME no Brasil.
O registo de imparidades no 'goodwill' é feito após uma empresa ter pago um 'goodwill', ou seja prémio, na aquisição de activos e passivos, verificar que estes não valem o inicialmente estimado e depois tem de reconhecer uma deterioração da capacidade dos activos adquiridos gerarem fluxos de caixa.
"A combinação de contextos adversos, atípica num portfólio geograficamente diversificado como o da Cimpor, foi contrariada com um conjunto de iniciativas dirigidas ao aumento de competitividade e consolidação da posição financeira", disse a Cimpor, no seu relatório e contas.
O EBITDA, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações desceu 33 pct para 353 ME.
Acrescentou que está mais preparada para a retoma económica que antecipa nas regiões em que opera.
Para isso, concluiu a racionalização do negócio de betão no Brasil e em Moçambique, visando um impacto positivo no EBITDA. "Ou seja alienação, arrendamento e encerramento de um conjunto de centrais de betão", referiu.
Frisou também a reestruturação e ajuste de 'headcount', prescindindo da colaboração de cerca de 700 trabalhadores para um total de 7.734 no final de 2016.
A brasileira Camargo Correa detém mais de 94 pct da Cimpor, que está fora do PSI20, pois tem um 'free float' muito reduzido, inferior a 5 pct das acções.
Fundos como o Santander Asset Management, HMG Finance e Och-Ziff Capital Management tinham até há pouco tempo pequenas participações na cimenteira. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)