Investing.com - A crise política que se abateu sobre Portugal torna os planos de regresso gradual aos mercados mais distantes podendo ao mesmo tempo precipitar um novo programa de resgate.
Perante este cenário, a bolsa nacional, afunda com perdas generalizadas. O principal índice da praça lisboeta iniciou a jornada com uma queda abrupta de 4,60%. Ontem o PSI 20 já tinha encerrado com uma queda de 1,5%, penalizado pelo anúncio do pedido de demissão do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, do governo de coligação PSD-CDS.
A decisão prende-se com a escolha de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças, na sequência da saída anunciada também pelo então ministro Vítor Gaspar.
A espiral negativa poderá agravar-se tanto mais que se prevê que a ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, e o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, apresentem a demissão esta quarta-feira.
O cenário de queda do Governo ganha cada vez mais consistência, mas o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho já fez saber que tenciona manter-se no governo.
À medida que a sessão avançava, as perdas cresciam entre a praça portuguesa, que afundava 5,75%, com todas as cotadas no vermelho. Sem surpresas, o setor da banca era fortemente penalizado, com os títulos do BANIF a registarem um tombo de 14,13% para os 0,079 euros. O BCP afundava 12,9% para os 0,081 euros e o BPI 10,54% para os 0,806 euros. As ações do BES afundavam 10,29% para os 0,549 euros.
Os juros da dívida soberana de Portugal subiam hoje em todas as maturidades, estando o prazo de dez anos a ser transacionado a 8,002%, depois de terem fechado na terça-feira a 6,720%. A dois e cinco anos, os juros da dívida soberana portuguesa estavam a transacionar-se a 4,434% e a 6,816%, contra respetivamente 3,504% e 5,508% no fecho da sessão desta terça-feira.
A Sonaecom e a Zon Multimédia também afundavam 7,3% e 7,18% para os 1,474 e 3,592 euros respetivamente.
À espera da cimeira europeia desta quarta-feira em Berlim, convocada pela chanceler alemã para procurar fórmulas para estimular o emprego juvenil, as praças de referência do velho continente também negociavam em terreno negativo.
A juntar a isso, os investidores também estão pendentes da reunião mensal do conselho de governadores do Banco Central Europeu de quinta-feira.
O índice Eurostoxx 50 perdia 1,88% para os 2.554,28. O FTSE londrino depreciava 1,40%, o DAX alemão 1,75% e o CAC francês 1,69%. Atenas escorregava 1,66% e Itália 1,45%.
Em Espanha o IBEX madrileno acentuava as perdas com uma queda de 2,68%. A crise política portuguesa está a contagiar Espanha provocando tensões no mercado da dívida soberana e na bolsa.
O índice Nikkei da bolsa de Tóquio encerrou a sessão de hoje com uma queda de 0,31 %, ao fixar-se nos 14.055,56 pontos.
Ontem a bolsa de Nova Iorque inverteu a tendência altista do início das negociações, castigada pelas preocupações dos investidores face ao agravamento da crise política no Egito e na zona euro.
Os confrontos entre opositores e apoiantes do Presidente do Egito, Mohamed Morsi, resultaram em sete mortos.
O receio de que a crise política instalada no país possa afetar o fornecimento de petróleo traduziu-se num aumento dos preços do crude.
Por outro lado, as notícias de que os credores da Grécia (Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu) deram a Atenas três dias para mostrar que as reformas continuam a ser executadas também se refletiram entre nos mercados.