LISBOA, 4 Out (Reuters) - O aumento de participação pela China Three Gorges (CTG) na EDP (SA:ENBR3) EDP.LS de quase 2 pct reforça o poder do maior accionista, podendo ser um gesto defensivo de proteger a 'utility' de eventuais operações de aquisição hostis, reduzindo o ângulo de 'M&A' das acções, segundo analistas.
"Assumindo que este é um aumento real na posição dos investidores chineses na EDP deveria ser bem recebida pelo mercado num período de elevada incerteza regulatória, apesar do grande desconto face ao preço de mercado", disse Jorge Guimarães, analista do Haitong.
"(Contudo,) numa perspectiva de longo prazo, esta decisão poderá ser vista como reduzir o ângulo de 'merger&acquisition' da EDP, nomeadamente após notícias (..) que a CTG rejeitou abordagens de potenciais interessados na EDP e que, ao invés, quer aumentar o seu poder na EDP para fortalecer o crescimento através da aquisição de activos", referiu Jorge Guimarães.
A estatal China Three Gorges (CTG) aumentou ontem a sua participação no capital da EDP em 1,92 pct para 26,27 pct, numa operação que custou à parceira estratégica chinesa cerca de 208 milhões de euros (ME).
Este reforço da CTG - maior accionista da EDP - acontece quando há notícias que avançam o interesse da espanhola Gas Natural GAS.MC em analisar uma fusão com a eléctrica portuguesa, mas que terá a oposição da chinesa que quer fazer a empresa portuguesa crescer.
"Se os investidores lerem esta iniciativa pela CTG desta maneira - um movimento defensivo para fortalecer o seu poder contra 'M&A' indesejado - tal não seria positivo para o preço das acções", vincou Jorge Guimarães.
A equipa de analistas do BPI afirmou que "a aquisição poderá ser parte de um movimento defensivo pela China Three Gorges para o caso de um potencial movimento hostil por parte da Gas Natural, após rumores na imprensa que a CTG rejeitou uma proposta da Gas Natural para fundir as empresas". (Por Daniel Alvarenga; Editado por Patrícia Vicente Rua)