(Repete notícia divulgada ontem ao final da tarde)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 23 Mar (Reuters) - A emissão de 500 milhões de euros (ME) de valores mobiliários para reforçar o capital da estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a atrair "forte interesse" dos investidores, disse a CGD, que terminou ontem o 'roadshow' da operação.
Esta emissão de valores mobiliários representativos de fundos próprios adicionais de nível 1 (Additional Tier 1) é perpétua, mas a CGD poderá amortizá-la antecipadamente ao fim de 5 anos e, a partir daí, em cada uma das datas de pagamento de juros, sujeito a autorização das autoridades competentes.
Em comunicado, a CGD referiu que "terminou esta quarta-feira um conjunto de apresentações a investidores (roadshow) que decorreram nos últimos 3 dias em Lisboa, Londres e Paris, tendo reunido com cerca de 120 investidores".
"Esses investidores, todos eles do tipo institucional (fundos de investimento, fundos de pensões, seguradoras, hedge funds), demonstraram profundo conhecimento acerca da CGD e do sector financeiro português, bem como um forte interesse na operação", adiantou a CGD, que é o maior banco de Portugal.
A emissão destas obrigações faz parte do plano de recapitalização da CGD acordado com Bruxelas, tendo entretanto, a 17 de Março, o Estado Português feito mais um aumento do capital da Caixa no montante de 2.500 ME, mediante a emissão de 500 milhões de novas ações ordinárias de valor nominal de cinco euros cada.
A taxa de juro destes Valores Mobiliários ainda não está definida, dependendo da procura por parte dos investidores interessados e das condições de mercado.
Relativamente a estes valores mobiliários Additional Tier 1 a emitir pela CGD, ocorrerá um evento de desencadeamento quando o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET1) ficar abaixo de 5,125 pct.
Isto significa que, caso o rácio consolidado ou individual da CGD desça abaixo daquele montante, o valor nominal dos Valores Mobiliários será reduzido de forma a repor o referido rácio de fundos próprios principais de nível 1.
Esta redução pode ser temporária, uma vez que se a CGD voltar a ter lucros, poderá repor o valor nominal dos Valores Mobiliários desde que, ao fazê-lo, o rácio de fundos próprios principais de nível 1 não desça abaixo de 5,125 pct.
Mas em nenhuma circunstância os Valores Mobiliários se poderão converter em ações da CGD.
A emissão não se destina ao público em geral, apenas a investidores institucionais profissionais, identificados como tal pelos bancos de investimento que irão assistir a Caixa no processo de colocação dos Valores Mobiliários.
A denominação mínima de cada Valor Mobiliário é de 200 mil euros.
Está previsto que os Valores Mobiliários sejam admitidos à negociação em mercado gerido pela Bolsa de Valores do Luxemburgo.
(Por Sérgio Gonçalves)