Investing.com – A saída de Vítor Gaspar, até aqui ministro das Finanças do Governo de coligação PSD-CDS, refletiu-se negativamente na bolsa nacional. E se o economista chefe da OCDE disse tratar-se de um “sinal, não só a Portugal, mas também aos líderes políticos da Europa”, o alerta, em tom premonitório, tornou-se ainda mais preocupante com o anúncio da saída de Paulo Portas.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros também apresentou o pedido de demissão ao primeiro-ministro. A decisão, "irrevogável", explica-se porque Portas não está de acordo com a escolha do nome de Maria Luís Albuquerque para assumir a pasta das Finanças. A saída deverá por termo à coligação que sustenta o Governo de Pedro Passos Coelho.
Perante este cenário periclitante, o PSI 20 encerrou a jornada no “vermelho”, com um tombo de 1,5% para os 5.530,42 pontos, com seis cotadas em alta, 13 em baixa e uma inalterada.
A castigar o índice principal da praça lisboeta esteve o setor da banca, com fortes perdas, numa altura em que as “yields” das obrigações portuguesas disparam em todas as maturidades.
Os juros implícitos nos títulos de dívida a 10 anos subiam 32 pontos base para cima dos 6,7%, numa reacção à demissão de Paulo Portas. Os outros prazos também reflectiam a aversão ao risco da parte dos investidores face a Portugal.
Os títulos do BCP e do BES foram dos que mais perderam, com uma quebra de 5,1% e 4,23% para os 0,093 e 0,612 euros respetivamente. O BPI escorregou 3,12% para os 0,901 euros e o Banif 1,08% para os 0,092 euros. A Sonae também se destacou pela negativa com uma quebra de 4,89% para os 0,7 euros.
Em destaque pela positiva, a Cofina liderou os ganhos, ao apreciar 1,68% para os 0,423 euros por ação. A Mota-Engil também fechou em terreno positivo com uma valorização de 0,86% para os 2,349 euros.
Nas restantes praças de referência do velho continente, o dia também foi de perdas generalizadas, com o índice Eurostoxx 50 a cair 0,74% para os 2.603,20 euros. Não ajudou o facto de se saber que o índice de preços da produção industrial recuou 0,1%, em maio, na zona euro, face a igual período do ano passado. Se a comparação for mensal, ou seja, maio em relação ao mês anterior, sabe-se que o índice de preços recuou 0,3% na zona euro e na União Europeia face aos 0,6% registados em abril entre os países da zona euro e os 0,8% no conjunto dos 27.
Também hoje se ficou a saber que a taxa de inflação média nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico se situou nos 1,5% em maio, acima dos 1,3% em abril. Neste contexto, a Europa mergulhou numa “maré vermelha.
O DAX alemão encerrou o dia a perder 0,92% e o CAC francês 0,66%. O MIB italiano caiu 0,61% e o IBEX madrileno 0,26%. O FTSE londrino terminou a jornada ligeiramente abaixo da linha de água a depreciar 0,06%. Atenas registou um tombo de 3,24%.
Do outro lado do Atlântico, as bolsas dos Estados Unidos abriram em queda ligeira à espera de declarações de dirigentes da Reserva Federal, que poderão indicar pistas sobre a evolução do programa de estímulos à maior economia do mundo.
A divulgação de dados sobre as encomendas às fábricas norte-americanas trouxe um fôlego acrescido, tanto mais que se sabe que se registou uma subida de 2,1%, em maio, acima das previsões dos analistas. No mês passado subiram 1,3%, de acordo com o Departamento do Comércio norte-americano.
Neste sentido, o índice industrial Dow Jones apreciava 0,25% e o tecnológico Nasdaq 0,37. O S&P 500 subia 0,38%.