Por Catarina Demony
LISBOA, 22 Nov (Reuters) - As tech startups são cruciais para resolver os problemas gerados pelo 'overtourism' em Lisboa e no Porto, e descentralizar o afluxo de turistas para outras regiões do país, numa altura em que este sector é dos que mais contribui para a economia, disse Teresa Gouveia, directora da autoridade turística nacional.
Dados mostram que a contribuição total de viagens e turismo para o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal atingiu 17,3 pct, ou 33,5 mil milhões de euros, em 2017. É previsto que atinga 20,5 pct do PIB ainda este ano.
No entanto, as duas principais cidades portuguesas estão a sofrer de sobrelotação nas suas zonas históricas, levando residentes a queixarem-se de estar a ser "expulsos" dos seus bairros, à medida que casas são transformadas em hotéis e apartamentos de luxo.
"O resultado do sentimento de 'overtourism' é completamente localizado em Lisboa e temos todo um país para desenvolver," disse Gouveia, referindo que "tudo o que sejam ideias de negócio que de alguma forma aproximem os turistas dos locais" são fundamentais.
"Trazer inovação para o sector é uma forma de poder responder a estes desafios," disse.
Durante a Lisbon Tourism Summit na terça-feira, a directora referiu que uma das principais soluções para resolver o problema de 'overtourism' é, a partir das startups, "gerar mais fluxos para o interior do país", uma região de baixa densidade populacional onde os benefícios do 'boom' ainda não são tão evidentes.
A directora destacou startups como a Portuguese Tables, que incentiva locais a partilharem a gastronomia local com estrangeiros, e a ImpacTrip, que promove turismo "responsável", como exemplos de tecnológicas que estão a ajudar resolver o problema.
A ImpacTrip, por exemplo, promove e organiza viagens para destinos menos conhecidos em Portugal, como cidades piscatórias não muito distantes da capital e aldeias em montanhas no norte do país.
DESACELERAÇÃO SECTOR
A contribuição de startups tecnológicas para desenvolver o turismo noutras regiões do país também é uma táctica para prevenir uma possível desaceleração do sector em Portugal, disse Gouveia.
Em Agosto de 2018, após sete anos de crescimento nas chegadas de turistas a Portugal, o país experienciou uma queda de 2 pct nas visitas de estrangeiros. summit em Lisboa, Pedro Rocha Vieira, CEO da Beta-I, uma das principais empresas de empreendedorismo e inovação no país, concordou com Gouveia. "É quando se está nestes momentos bons que se deve investir em estratégias de inovação que permitam criar uma oferta diferenciada a nível global," disse Vieira.
Adiantou que as startups, tanto nacionais como internacionais, podem ajudar a repensar a experiência turística no país, trazendo as suas metodologias de inovação para dentro das grandes empresas.
"É importante olhar para a nossa oferta tradicional, em termos de produto e de destino, e integrar isso com a tecnologia e as soluções startups," disse o CEO.
(Por Catarina Demony Editado por Sérgio Gonçalves)